A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

pequeno pátio. Em dois lados havia muros de pedra de sílex cinza e, no terceiro,
escurecido e tapado, um prédio de dois andares que não dava sinais de ser habitado. Em
algum lugar um sino de igreja badalou pesadamente, mas, fora isso, a cidade estava
assustadoramente silenciosa. Jalal desceu e tirou o capacete. Natalie fez o mesmo.
— Seu hijab também — sussurrou ele, em árabe.
— Por quê?
— Porque aqui não é lugar para pessoas como nós.
Natalie soltou seu hijab e o guardou dentro do capacete. Na escuridão, Jalal a
examinou atentamente.
— Alguma coisa errada?
— É que você é...
— Sou o quê?
— Mais bonita do que imaginei — ele trancou os dois capacetes no compartimento
traseiro da moto. Então, do bolso do casaco, tirou um objeto mais ou menos do
tamanho de um pager antigo. — Seguiu minhas instruções sobre telefones e aparelhos
eletrônicos?
— É claro.
— E nada de cartões de crédito?
— Nenhum.
— Posso checar?
Ele passou o objeto metodicamente pelo corpo dela — pelos braços e pernas, através
dos ombros, seios, quadris, por toda a coluna.
— Fui aprovada?
Sem dizer nada, ele colocou o aparelho de volta no bolso do casaco.
— Seu nome é mesmo Jalal Nasser?
— Isso importa?
— Importa para mim.
— Sim, meu nome é Jalal.
— E sua organização?
— Nosso objetivo é recriar o califado em terras muçulmanas do Oriente Médio e
estabelecer o domínio islâmico sobre o resto do mundo.
— Você é do ISIS.
Sem responder, ele se virou e a levou por uma rua vazia, em direção ao som dos
sinos da igreja.
— Pegue meu braço — disse ele, em voz bem baixa e calma. — Fale comigo em
francês.
— Sobre o quê?
— Qualquer coisa. Não faz diferença.
Ela passou o braço pelo dele e contou sobre seu dia na clínica. Ele assentia
ocasionalmente, sempre na hora errada, mas não tentava se dirigir a ela com seu francês
horrível. Finalmente, em árabe, perguntou:

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