— Quem era a mulher com quem você tomou café ontem à tarde?
— Perdão?
— A mulher no Café de Flore, a que usava véu. Quem é ela?
— Há quanto tempo está me observando?
— Responda à minha pergunta, por favor.
— Ela se chama Mona.
— Mona do quê?
— Mona el-Baz. Estudamos Medicina juntas. Ela agora mora em Frankfurt.
— Também é palestina?
— Egípcia, na verdade.
— Ela não me pareceu egípcia.
— Vem de uma família antiga, muito aristocrática.
— Eu gostaria de conhecê-la.
— Por quê?
— Talvez ela possa ser útil à nossa causa.
— Nem se dê ao trabalho. A Mona não pensa como nós.
Ele pareceu chocado com isso.
— E por que você se associaria com uma pessoa assim?
— Por que você frequenta a King’s College e mora na terra dos kuffar?
A rua os levou a uma praça. As mesas de um pequeno restaurante se espalhavam pelo
pavimento e, do lado oposto, erguiam-se as torres góticas e os arcobotantes da Catedral
de Senlis.
— E a loja de roupas na rue Vavin? — ele perguntou, acima do repicar dos sinos.
— Por que voltou lá?
— Tinha esquecido meu cartão de crédito.
— Estava preocupada?
— Não necessariamente.
— Nervosa?
— Por que estaria?
— Você sabia que eu estava seguindo você?
— Estava?
Ele se distraiu com o som de risadas vindo das mesas do restaurante. Pegou a mão
dela e, com os sinos silenciando, atravessaram a praça.
— Você conhece bem o Corão e o Hadith? — perguntou subitamente.
Ela ficou grata pela mudança de assunto, pois sugeria que ele não estava preocupado
com sua autenticidade. Consequentemente, não confessou que nunca tinha aberto o
Corão antes de ir para uma fazenda no vale de Jezreel. Em vez disso, explicou que seus
pais eram seculares e que ela só descobrira a beleza do Corão na universidade.
— Você conhece o Mahdi? — perguntou ele. — Aquele que chamam de Redentor?
— Sim, claro. O Hadith diz que ele aparecerá como um homem comum. “Seu nome
será meu nome” — falou ela, citando a passagem em questão — “e o nome de seu pai
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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