A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Não posso me envolver com algo como Paris ou Amsterdã.
— Não foi o que você disse ao meu amigo Nabil. Você disse ao Nabil que queria
que os kuffar sentissem o que era ter medo. Disse que queria puni-los por apoiarem
Israel — ele se virou e olhou diretamente em seus olhos. — Você disse que queria se
vingar deles pelo que aconteceu com Ziad.
— Suponho que Nabil também tenha falado sobre Ziad.
Ele tirou o folheto da mão dela, consultou-o brevemente e então a levou pela nave
em direção à fachada oeste.
— Sabe — ele estava dizendo — acho que o encontrei uma vez.
— Verdade? Onde?
— Em uma reunião de alguns irmãos em Amã. Por motivos de segurança, não
estávamos usando nossos nomes verdadeiros — ele parou e virou o pescoço em direção
ao teto. — Você está com medo. Dá para ver.
— Sim — respondeu ela. — Estou com medo.
— Por quê?
— Porque eu não estava falando sério. Era só conversa.
— Você é uma jihadista de fachada, Leila? Prefere levantar placas e gritar slogans?
— Não. Só nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer.
— Isto não é a internet, Leila. Isto é a realidade.
— É disso que tenho medo.
Do outro lado da catedral, a mulher sinalizou que era hora de irem embora. Jalal
baixou os olhos do teto para o rosto de Natalie.
— E se eu disser sim? — perguntou ela.
— Precisará viajar ao califado para ser treinada. Vamos cuidar de toda a organização.
— Não posso me ausentar por muito tempo.
— Só precisamos de algumas semanas.
— E se as autoridades descobrirem?
— Confie em mim, Leila, não vão saber de nada. Temos rotas que usamos.
Passaportes falsos também. Sua estada na Síria será nosso segredinho.
— E depois?
— Você volta para a França e para seu trabalho na clínica. E espera.
— Pelo quê?
Ele colocou a mão nos ombros dela.
— Sabe, Leila, você tem sorte. Vai fazer algo incrivelmente importante. Tenho inveja
de você.
Ela sorriu sem querer.
— Minha amiga Mona me disse a mesma coisa.
— Do que ela estava falando?
— De nada — disse Natalie. — Nada demais.

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