ruas centrais de Paris sem rumo — ou, pelo menos, era o que parecia — até as nove e
vinte, quando pegou um cúmplice na frente da Gare du Nord. Inicialmente, a polícia
francesa e os serviços de inteligência trabalharam com a suposição de que o segundo
criminoso também era homem. Depois, após analisar todas as imagens de vídeo
disponíveis, concluíram que, na verdade, era uma mulher.
Quando a Renault chegou ao Marais, ambos os ocupantes já tinham escondido o
rosto com máscaras balaclava. Quando saíram do veículo na frente do Centro Weinberg
estavam pesadamente armados, com fuzis de assalto, revólveres e granadas. Os dois
seguranças do centro foram mortos instantaneamente, bem como quatro outras pessoas
que ainda não tinham sido admitidas no prédio. Um pedestre tentou intervir, com
bravura, e foi cruelmente massacrado. Outras pessoas que ainda estavam na estreita rua,
sabiamente, fugiram.
O tiroteio do lado de fora do Centro Weinberg terminou às 9:59:30, e os dois
criminosos mascarados andaram calmamente pela rue des Rosiers na direção oeste até a
rue Vieille-du-Temple, onde entraram em uma popular boulangerie. Oito clientes
esperavam em uma fila organizada. Todos foram mortos, além da mulher atrás do
balcão, que implorou por sua vida antes de levar vários tiros.
Foi naquele instante, quando a mulher estava caindo ao chão, que a bomba dentro da
van explodiu. A força da explosão estilhaçou as janelas da boulangerie, mas o resto do
prédio ficou intacto. Os dois criminosos não fugiram imediatamente da carnificina que
haviam infligido. Em vez disso, voltaram à rue des Rosiers, onde uma única câmera de
segurança sobrevivente os gravou andando meticulosamente em meio aos escombros,
executando os feridos e atirando nos moribundos. Entre as vítimas estava Hannah
Weinberg, em quem atiraram duas vezes, ainda que ela não tivesse quase nenhuma
chance de sobreviver. Os criminosos eram tão cruéis quanto competentes. A mulher foi
vista limpando calmamente um cartucho emperrado em seu Kalashnikov antes de matar
um homem gravemente ferido que, momentos antes, estivera sentado no quarto andar
do prédio.
Por várias horas depois do ataque, o Marais ficou cercado com cordão de
isolamento, inacessível a todos, exceto à equipe de emergência e aos investigadores.
Finalmente, quando o último foco de incêndio foi extinguido e certificou-se não haver
mais explosivos secundários, já no fim da tarde, o presidente francês chegou. Depois de
andar pelo ambiente devastado, ele declarou o lugar “um Holocausto no coração de
Paris”. O comentário não foi recebido favoravelmente em algumas das banlieues mais
nervosas. Em uma delas, irrompeu uma celebração espontânea, rapidamente abafada pela
tropa de choque. A maioria dos jornais ignorou esse incidente. Um policial sênior se
referiu ao acontecimento como “um desvio desagradável” da tarefa imediata, que era
encontrar os culpados.
A fuga do Marais, como todo o resto da operação, fora meticulosamente planejada e
executada. Uma motocicleta Peugeot Satelis esperava por eles estacionada em uma rua
próxima, junto a um par de capacetes pretos. Foram em direção ao norte, com o homem
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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