dirigindo e a mulher segurando em sua cintura, passando sem ser notados pelo fluxo de
viaturas e ambulâncias que se aproximavam do local. Uma câmera de trânsito os
fotografou pela última vez perto do vilarejo de Villeron, na divisão de Val-d’Oise. Ao
meio-dia, já eram alvos da maior caçada da história francesa.
Ficaram a cargo da Polícia Nacional e da Gendarmaria os bloqueios das estradas, as
checagens de identidade, as janelas quebradas de armazéns abandonados e os cadeados
danificados de esconderijos suspeitos. Mas dentro de um gracioso prédio antigo
localizado na rue de Grenelle, 84 homens e mulheres estavam engajados em uma busca
bem diferente. Conhecidos apenas como Grupo Alpha, eles eram membros de uma
unidade secreta da DGSI, a Direção Geral de Segurança Interna da França. O Grupo,
como era conhecido informalmente, havia sido formado seis anos antes, na esteira de um
atentado suicida jihadista em frente a um restaurante famoso na avenue des Champs-
Élysées. Sua especialidade era a infiltração de homens do vasto movimento clandestino
jihadista na França, e o Grupo tinha autorização para tomar “medidas ativas” para tirar
de circulação potenciais terroristas islâmicos antes que estes conseguissem tomar
medidas ativas contra a república ou seus cidadãos. Dizia-se que Paul Rousseau, chefe
do Grupo Alpha, tinha planejado mais atentados que Osama bin Laden, uma acusação
que ele não contestava, apesar de sempre explicar rapidamente que nenhuma de suas
bombas explodira de fato. Os oficiais do Grupo Alpha eram habilidosos praticantes da
arte da farsa. E Paul Rousseau era seu líder inconteste, sua estrela-guia.
Com suas jaquetas de tweed, seus cabelos grisalhos e seu onipresente cachimbo,
Rousseau parecia mais adequado para o papel de professor distraído que o de policial
secreto implacável — e por um bom motivo. A carreira dele tinha começado na
academia, e era para lá que, em momentos sombrios, ele por vezes desejava retornar.
Pesquisador respeitado de literatura francesa do século XIX, Rousseau fazia parte do
corpo docente da Universidade Paris-Sorbonne quando um amigo da inteligência
francesa o convidou para assumir um cargo na DST, a Direção de Segurança Territorial,
responsável pelo serviço de segurança interna da França. Era 1983, e o país fora tomado
de assalto por uma onda de bombardeios e assassinatos executados pelo grupo terrorista
de esquerda conhecido como Ação Direta. Rousseau se juntou a uma unidade dedicada à
destruição da Ação Direta e, com uma série de operações brilhantes, derrubou o grupo.
Ele continuou na DST, lutando contra ondas sucessivas de terrorismo de grupos de
esquerda e do Oriente Médio até 2004, quando sua amada esposa Collette morreu, depois
de uma longa batalha contra a leucemia. Inconsolável, ele recolheu-se à sua modesta villa
em Luberon e começou a trabalhar em uma biografia de Proust com vários volumes.
Então, aconteceu o atentado na Champs-Élysées. Rousseau concordou em largar a
caneta, mas sob uma condição: não tinha interesse em rastrear suspeitos de terrorismo,
ouvir suas conversas ao telefone nem ler seus devaneios maníacos na internet. Queria
atacar. O chefe concordou, o ministro do Interior também, e assim o Grupo Alpha
nasceu. Em seus seis anos de existência, a organização tinha frustrado mais de uma
dezena de grandes ataques em solo francês. Rousseau via o atentado ao Centro Weinberg
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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