Rousseau aconselhava seus agentes a se encontrarem com as fontes baseadas em Aulnay
em territórios menos perigosos.
— Ela tem 29 anos e nasceu na França — descreveu Bouchard. — Mas sempre se
descreveu como muçulmana, em primeiro lugar, e francesa, em segundo.
— Quem a encontrou?
— O Lucien.
Lucien Jacquard era o chefe da divisão contraterrorismo da DGSI. Formalmente, o
Grupo Alpha estava sob controle dele. Na prática, porém, Rousseau passava por cima de
Jacquard e reportava ao chefe. Para evitar possíveis conflitos, ele comunicava Jacquard
sobre os casos ativos do Grupo Alpha, mas guardava possessivamente os nomes de suas
fontes e os métodos operacionais da unidade. O Grupo Alpha era, portanto, um serviço
dentro de outro serviço, e Lucien Jacquard desejava colocá-lo firmemente sob seu
controle.
— Quanto ele sabe sobre ela? — perguntou Rousseau, ainda olhando nos olhos da
mulher.
— Ela apareceu no radar do Lucien há uns três anos.
— Por quê?
— Por causa do namorado.
Bouchard colocou outra fotografia na mesa, mostrando um homem de 30 e poucos
anos com cabelo escuro curto e barba delgada típica de um muçulmano devoto.
— Argelino?
— Tunisiano, na verdade. Ele era bom pra valer. Sabia mexer com eletrônicos. E
com computadores também. Passou um tempo no Iraque e no Iêmen antes de seguir
para a Síria.
— Al-Qaeda?
— Não — disse Bouchard. — ISIS.
Rousseau olhou para cima de repente.
— Onde ele está agora?
— No Paraíso, aparentemente.
— O que aconteceu?
— Foi morto em um ataque aéreo da coalizão.
— E a mulher?
— Viajou para a Síria no ano passado.
— Quanto tempo ficou lá?
— Pelo menos seis meses.
— Fazendo o quê?
— Obviamente, um pouco de treinamento de armas.
— E depois que ela voltou a Paris?
— Lucien a colocou sob vigilância. E depois... — Bouchard deu de ombros.
— Ele parou?
Bouchard assentiu.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1