A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

Ele tinha pedido uma suíte no andar mais alto do hotel. Seu pedido fora concedido em
grande parte porque a gerência acreditava que ele era um parente distante do rei da
Arábia Saudita. Um momento depois que ele entrou no quarto, houve uma batida
discreta na porta. Era o mensageiro com as bagagens. O árabe alto admirou a vista de
sua janela enquanto o mensageiro, um africano, pendurava seu porta-ternos no armário
e colocava uma mala em um apoio. Seguiram-se os gracejos usuais antes da gorjeta, com
suas muitas ofertas de ajuda adicional, mas uma nota nova de vinte dólares enviou o
mensageiro na direção da porta. Ele a fechou suavemente e o árabe ficou sozinho outra
vez.
Os olhos dele estavam fixos no trânsito na Rock Creek Parkway. Seus pensamentos,
porém, estavam no homem que ele vira no lobby — o homem com têmporas grisalhas e
distintos olhos verdes. Tinha quase certeza de já ter visto o homem antes, não
pessoalmente, mas em fotografias e reportagens. Era possível que estivesse errado. Na
verdade, pensou, era provável. Mesmo assim, ele já tinha aprendido há muito tempo a
confiar em sua intuição. Ela tinha sido afiada como um canivete durante os muitos anos
em que ele serviu o mais cruel ditador do mundo árabe. E o tinha ajudado a sobreviver
à longa luta contra os americanos, quando muitos outros homens como ele foram
vaporizados por armas que atacavam do céu com a rapidez de um raio.
Ele tirou um laptop da maleta e conectou-o ao sistema de internet sem fio do hotel.
Como o Four Seasons era popular com dignitários em visita ao país, a Agência de
Segurança Nacional sem dúvida estava monitorando a rede do hotel. Não tinha
importância; o HD do computador dele era uma página em branco. Ele abriu o
navegador de internet e digitou um nome na caixa de busca. Várias fotos apareceram na
tela, incluindo uma do jornal Telegraph, de Londres, que mostrava um homem correndo
por um caminho de pedestres em frente à abadia de Westminster com uma arma na mão.
Junto à foto, havia um artigo de uma repórter chamada Samantha Cooke sobre a morte
violenta do homem. Parecia que a repórter estava enganada, porque o personagem da
matéria dela tinha acabado de cruzar o lobby do Four Seasons em Washington. Houve
outra batida na porta, suave, quase tímida — o prato de frutas de sempre, junto com um
bilhete endereçado ao senhor Omar al-Farouk, prometendo atender a todos os desejos
dele. No momento, ele só queria alguns minutos de solidão ininterrupta. Digitou um
endereço da dark net, abriu a fechadura de uma porta virtual protegida por senha e entrou
em uma sala em que tudo era codificado. Um velho amigo estava lá esperando por ele.
O velho amigo perguntou:
COMO FOI SUA VIAGEM?
Ele digitou:
BEM, MAS VOCÊ NÃO IMAGINA QUEM EU ACABEI DE VER.
QUEM?


Ele escreveu o primeiro e o último nome — o nome de um arcanjo seguido por um
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