Ele escreveu o primeiro e o último nome — o nome de um arcanjo seguido por um
sobrenome muito comum em Israel. A resposta demorou alguns segundos.
VOCÊ NÃO DEVIA BRINCAR COM ESSE TIPO DE COISA.
NÃO ESTOU BRINCANDO.
O QUE SERÁ QUE ISSO SIGNIFICA?
Uma ótima pergunta, de fato. Ele desconectou da internet, desligou o computador e
mancou lentamente até a janela. Tinha a sensação de ter uma faca atravessada na coxa
direita e seu peito pulsava. Observou o trânsito na rodovia e, por alguns segundos, a
dor pareceu diminuir. Então, os carros viraram um borrão e, em seus pensamentos, ele
estava montando um imponente cavalo árabe no topo de uma montanha perto do mar da
Galileia, olhando para um lugar banhado pelo sol, lá embaixo, que costumava ser
chamado de Hattin. A visão não era nova; ela ocorria sempre. Em geral, dois exércitos
poderosos — um muçulmano; outro cruzado, o Exército de Roma — estavam
preparados para a batalha. Mas agora só dois homens estavam presentes. Um era um
israelense chamado Gabriel Allon. E o outro era Saladin.
Paul Rousseau ainda estava no fuso horário de Paris, então eles não se demoraram
muito no jantar. Gabriel se despediu desejando boa-noite em frente aos elevadores e,
seguido por seu guarda-costas, atravessou o lobby. A mesma mulher estava no balcão da
recepção.
— Posso ajudá-lo? — perguntou quando Gabriel se aproximou.
— Espero que sim. Hoje à noite, mais cedo, vi um senhor fazendo check in. Alto,
muito bem-vestido, caminhava com uma bengala.
— O senhor al-Farouk?
— Isso, ele mesmo. Trabalhamos juntos há muito tempo.
— Entendo.
— Você sabe quanto tempo ele vai ficar?
— Sinto muito, mas não posso...
Ele levantou a mão.
— Não precisa se desculpar. Entendo as regras.
— Posso dar uma mensagem a ele.
— Não é necessário. Vou ligar para ele de manhã. Mas não mencione nada disso —
completou Gabriel, com ares de conspiração. — Quero surpreendê-lo.
Gabriel saiu na noite fria. Esperou até que estivesse no banco traseiro de seu
Suburban antes de ligar para Adrian Carter, que ainda estava no escritório em Langley.
— Quero que você dê uma olhada em um cara chamado al-Farouk. Ele tem uns 45
anos, talvez cinquenta. Não sei o primeiro nome nem a cor do passaporte.