A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

D


LIBERTY CROSSING, VIRGINIA

iferentemente de Saladin, Gabriel passou uma manhã tranquila, ainda que ansiosa, no
esconderijo secreto da N Street, observando um pequeno avião verde fluorescente se
mover lentamente na tela de seu celular Samsung. Finalmente, às duas e meia da tarde,
entrou no banco traseiro de um Suburban preto e foi levado pela Chain Bridge até o
enclave rico de McLean, na Virginia. Na Route 123, viu uma placa do Centro de
Inteligência George Bush. O motorista passou pela entrada sem diminuir.
— Você passou direto — alertou Gabriel.
O motorista sorriu, mas não disse nada. Continuou pela Route 123, passando por
shopping centers baixos e parques empresariais no centro de McLean, antes de
finalmente entrar na Lewisville Road. Ele virou novamente quatrocentos metros adiante
na Tysons McLean Drive e a seguiu subindo uma ladeira suave. A estrada fez uma curva
à esquerda, depois à direita, antes de levá-los até um posto de segurança com uma dezena
de guardas uniformizados, todos fortemente armados. Uma prancheta foi consultada, um
cão farejou procurando bombas. Então, o Suburban prosseguiu lentamente até o pátio
de entrada de um grande prédio de escritórios, a sede do Centro Nacional de
Contraterrorismo. Do lado oposto do pátio, conectado por uma conveniente passarela
aérea, ficava o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional. O complexo, pensou
Gabriel, era um monumento ao fracasso. A comunidade americana de inteligência, a
maior e mais avançada já vista no mundo, falhara em evitar os ataques de 11 de
Setembro. E, por seus pecados, tinha sido reorganizada e recompensada com dinheiro,
imóveis e lindos prédios.
Uma funcionária do centro, uma mulher de uns 30 anos usando terninho e rabo de
cavalo, esperava no lobby. Ela deu a ele um passe de visitante, que ele prendeu no bolso
de seu paletó, e o levou ao andar de Operações, a central que era o sistema nervoso do
CNC. As telas de vídeo gigantes e as mesas em formato de feijão davam a aparência de
uma redação de telejornal. Os móveis tinham uma cor otimista de pinho claro, como
algo saído de um catálogo de loja de móveis. A uma das mesas, sentavam-se Adrian
Carter, Fareed Barakat e Paul Rousseau. Quando Gabriel sentou-se na cadeira
designada, Carter entregou a ele uma fotografia de um homem de cabelos escuros e 40 e
poucos anos.
— É esse o camarada que você viu no Four Seasons?
— É bem parecido. Quem é ele?
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