A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

piscina. A música pulsante, tocada por um DJ profissional, era um crime sônico contra a
humanidade.
Mikhail caminhou até o canto mais afastado do terraço, onde Clovis Mansour,
descendente da dinastia de vendedores de antiguidades, estava sentado sozinho em um
sofá branco de frente para o Mediterrâneo. A pose era de alguém sendo fotografado para
uma revista, com uma taça de champanhe em uma mão e um cigarro soltando fumaça na
outra. Ele vestia um terno italiano escuro e uma camisa de colarinho aberto, feita sob
medida para ele por um homem em Londres. Seu relógio de pulso dourado era do
tamanho de um relógio de sol. Seu perfume flutuava ao seu redor como uma capa.
— Está atrasado, habibi — disse, enquanto Mikhail se sentava no sofá oposto. — Eu
estava prestes a ir embora.
— Não estava não.
Mikhail examinou o interior do bar. Os dois guarda-costas de Mansour estavam
beliscando uma tigela de pistaches em uma mesa adjacente. O homem do elevador estava
encostado contra a balaustrada, fingindo admirar a vista do mar enquanto segurava um
celular à orelha.
— Conhece? — perguntou Mikhail.
— Nunca vi na vida. Uma bebida?
— Não, obrigado.
— É melhor se você beber.
Mansour chamou um garçom que passava e pediu uma segunda taça de champanhe.
Mikhail tirou um envelope amarelado do bolso de seu casaco e colocou-o em cima da
mesa baixa.
— O que é isso?
— Um símbolo de nosso apreço.
— Dinheiro?
Mikhail assentiu.
— Eu não trabalho para você porque preciso de dinheiro, habibi. Afinal, tenho
bastante dinheiro. Trabalho para você porque quero continuar nos negócios.
— Meus superiores preferem que haja dinheiro trocando de mãos.
— Seus superiores são chantagistas mesquinhos.
— Eu olharia dentro do envelope antes de dizer que são mesquinhos.
Foi o que Mansour fez. Ele levantou uma sobrancelha e deslizou o envelope para
dentro do bolso interno de seu paletó.
— O que você tem para mim, Clovis?
— Paris — disse o vendedor de antiguidades.
— O que tem Paris?
— Eu sei quem foi.
— Como?
— Não posso garantir — disse Mansour —, mas é possível que eu tenha ajudado a
pagar pelo ataque.

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