A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

N


WISCONSIN AVENUE, GEORGETOWN

atalie ouviu a explosão enquanto se aproximava da R Street e soube imediatamente que
era Safia. Então, voltou-se e olhou pela extensão da Winsconsin Avenue com sua
graciosa curva à direita para a M Street e viu centenas de pessoas em pânico caminhando
no sentido norte. Lembrou-se das cenas em Washington depois do 11 de Setembro, das
dezenas de milhares de pessoas que tinham simplesmente abandonado seus escritórios na
cidade mais poderosa do mundo e começado a andar. Mais uma vez, Washington estava
sitiada. Desta vez, os terroristas não estavam armados com aviões, só com explosivos e
armas. Mas o resultado, parecia, era ainda mais assustador.
Natalie voltou e se juntou ao êxodo no sentido norte. Ela estava ficando cansada com
o peso-morto do colete suicida e com o peso de seu próprio fracasso. Ela salvara a vida
do monstro que concebera e tramara o massacre e, depois de sua chegada aos Estados
Unidos, não tinha conseguido descobrir uma única informação sobre os alvos, os
outros terroristas ou o momento do ataque. Tinha sido mantida no escuro por um
motivo, estava certa disso.
De repente, houve uma saraivada de tiros vindos da mesma direção da explosão.
Natalie atravessou correndo a R Street e continuou no sentido norte, mantendo-se no
lado oeste da rua, como instruíra o homem chamado Adrian Carter. “Vamos resgatar
você”, ele tinha dito. Mas não tinha dito como. De repente, ela ficou feliz de estar usando
a jaqueta vermelha. Podia não conseguir vê-los, mas eles conseguiriam vê-la. Ao norte
da R Street, a Wisconsin Avenue descia um ou dois quarteirões antes de subir para os
bairros de Burleith e Glover Park. À sua frente, Natalie viu um toldo que dizia
BISTROT LEPIC & WINE BAR. Era o restaurante que Safia tinha mandado que ela
bombardeasse. Ela parou e olhou pela janela. Era um lugar charmoso — pequeno,
aconchegante, acolhedor, bem parisiense. Safia tinha dito que estaria lotado, mas não
estava. E as pessoas sentadas à mesa não pareciam diplomatas franceses nem oficiais do
Ministério das Relações Exteriores em Paris. Pareciam americanas. E, como todo mundo
em Washington, pareciam assustadas.
Naquele momento, Natalie ouviu alguém chamando seu nome — não seu nome
verdadeiro, mas o nome da mulher que ela tinha se tornado para evitar uma noite como
aquela. Ela virou abruptamente e viu que um carro tinha se encostado ao meio-fio atrás
dela. Ao volante, estava uma mulher com pele ressecada. Era Megan, a mulher do FBI.

Natalie correu para o banco da frente como se estivesse correndo para os braços de
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