A porta abriu de um golpe, e a arma entrou primeiro. Mikhail reconheceu a silhueta. Era
um AR-15, sem a mira. Ele agarrou o cano quente com a mão esquerda e puxou, e com
ela veio um homem. No salão de jantar arruinado, ele tinha sido um guerreiro santo
jihadista, mas, nos confins escuros do banheiro masculino, estava indefeso. Com a ponta
da mão direita, Mikhail deu dois golpes na lateral do pescoço dele. O primeiro pegou
um pouco da mandíbula, mas o segundo foi direto e fez alguma coisa estalar e quebrar.
O homem caiu sem fazer barulho. Mikhail tirou o AR-15 das mãos frouxas, atirou na
cabeça dele e saiu para o corredor.
Diretamente em frente a ele, no canto de trás do salão, um dos terroristas estava
prestes a executar uma mulher cujo braço tinha sido arrancado na altura do ombro.
Escondido no corredor escuro, Mikhail derrubou o terrorista com um tiro na cabeça e
então caminhou com cuidado para a frente. Não havia outros no salão principal, mas, em
um cômodo menor nos fundos do restaurante, um terrorista estava executando
sobreviventes encostados contra a parede, um a um, como um homem da SS
caminhando à beira de uma fossa sepulcral. Mikhail atirou direto no peito do terrorista,
salvando uma dezena de vidas.
Naquele segundo, ele ouviu outro tiro vindo de um cômodo adjacente — o salão de
jantar particular que ele vira ao entrar no restaurante. Passou pelo banco do bar caído
onde estivera sentado um momento antes, pela mesa virada cheia das vísceras de Safia
Bourihane, e chegou ao salão de entrada. O maître e as duas hostesses estavam mortos.
Parecia que tinham sobrevivido à bomba, só para morrer assassinados.
Mikhail passou silenciosamente pelos cadáveres e espiou o salão privativo, onde o
quarto terrorista estava em via de executar vinte homens e mulheres bem-vestidos. Tarde
demais, o árabe percebeu que o homem parado na porta do salão não era um amigo.
Mikhail atirou no peito dele. Então, disparou um segundo tiro, na cabeça, para garantir
que estivesse morto.
Tudo tinha levado menos de um minuto, e o celular de Mikhail tinha vibrado
intermitentemente durante todo o tempo. Agora, ele o tirou do bolso e olhou para a tela.
Era uma ligação de Gabriel.
— Por favor, diga que está vivo.
— Estou bem, mas quatro membros do ISIS estão, agora, no paraíso.
— Pegue os telefones deles e o máximo de equipamentos que conseguir e saia daí.
— O que está acontecendo?
A ligação foi cortada. Mikhail procurou nos bolsos do terrorista morto a seus pés e
encontrou um telefone Samsung Galaxy descartável. Ele encontrou alguns Samsungs
idênticos com os terroristas do salão de jantar principal e no cômodo dos fundos, mas o
do banheiro aparentemente preferia produtos da Apple. Mikhail tinha todos os quatro
telefones consigo quando saiu pela porta dos fundos. Tinha também dois AR-15 e quatro
cartuchos de munição extra, embora não entendesse por quê. Correu por um beco
escuro, rezando para não encontrar uma equipe da SWAT, e emergiu na Potomac Street.
Seguiu por ela até a Prospect, onde Eli Lavon estava sentado ao volante de um Buick.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1