trabalhando nem para os americanos nem para os britânicos. Estava trabalhando para
outra pessoa. E, hoje, finalmente me disse o nome dele.
Mais uma vez, ele tocou na tela do celular, e, mais uma vez, Natalie ouviu um som
como água caindo na pia. Mas não era água, era o ruído de um carro fugindo do caos de
Washington. Desta vez, a única voz que ela ouviu foi a sua. Estava falando hebraico, e
sua voz estava pesada por causa do sedativo.
— Gabriel... Por favor me ajude... Não quero morrer...
Saladin silenciou o telefone e o colocou de volta no bolso de seu lindíssimo terno.
Caso encerrado, pensou Natalie. Ainda assim, não havia raiva na expressão dele, só pena.
— Você foi idiota de ir para o califado.
— Não — disse Natalie —, fui tola de salvar sua vida.
— Por que fez isso?
— Porque você teria morrido se eu não fizesse.
— E agora — respondeu Saladin — é você que vai morrer. A questão é: vai morrer
sozinha ou vai apertar o detonador e me levar junto? Estou apostando que você não tem
coragem nem fé para apertar o botão. Só nós, muçulmanos, temos essa fé. Estamos
preparados para morrer por nossa religião, mas vocês, judeus, não estão. Vocês
acreditam na vida, mas nós acreditamos na morte. E, em qualquer luta, são aqueles que
estão preparados para morrer que vencem — ele pausou brevemente. E disse: — Vá em
frente, Maimônides, me faça ser um mentiroso. Mostre que estou errado. Aperte seu
botão.
Natalie levantou o detonador até a altura do rosto e olhou diretamente nos olhos
escuros de Saladin. O botão cedeu com um pequeno aumento da pressão.
— Não se lembra de seu treinamento em Palmira? Usamos um gatilho firme
deliberadamente, para evitar acidentes. Você tem que apertar mais forte.
Ela fez isso. Houve um clique, depois silêncio. Saladin sorriu.
— Obviamente — disse ele — um defeito.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1