E
NAHALAL, ISRAEL
les a levaram de volta para o local onde tudo tinha começado, a fazenda no antigo
moshav de Nahalal. Seu quarto estava como ela deixara, exceto pelo volume de poesia de
Darwish, que tinha desaparecido, bem como as fotografias ampliadas do sofrimento
palestino. As paredes da sala de estar agora estavam cheias de pinturas.
— Você que fez? — perguntou ela, na noite da chegada.
— Algumas — respondeu Gabriel.
— Quais?
— As que não têm assinatura.
— E as outras?
— Minha mãe.
Os olhos dela passaram pelas telas.
— Ela obviamente teve uma grande influência em você.
— Na verdade, influenciamos um ao outro.
— Vocês competiam?
— Muito.
Ela foi até as portas francesas e olhou pelo vale escuro na direção das luzes da vila
árabe no topo do morro.
— Quanto tempo posso ficar aqui?
— Quanto tempo quiser.
— E depois?
— Isso — respondeu Gabriel — é uma decisão completamente sua.
Ela era a única ocupante da fazenda, mas nunca estava verdadeiramente sozinha. Um
destacamento de segurança monitorava todos os seus movimentos, e câmeras e
microfones que registravam os sons horríveis de seus terrores noturnos. Saladin
aparecia frequentemente em seus sonhos. Às vezes, era o homem ferido e impotente que
ela encontrara na casa perto de Mosul. E, às vezes, era a figura forte e vestida de forma
elegante que tão alegremente a sentenciara à morte em um chalé à beira do Shenandoah.
Safia também vinha a Natalie em sonhos. Ela nunca usava um hijab nem um abaya, só a
jaqueta cinza de cinco botões que tinha usado na noite de sua morte, e seu cabelo sempre
era loiro. Era a Safia que poderia ter sido se o islã radical não tivesse cravado suas garras
nela. Era Safia, a garota influenciável.
Natalie explicou tudo isso à equipe de médicos e terapeutas que a examinava a cada