A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

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MA’ALE HAHAMISHA, ISRAEL

antigo kibutz de Ma’ale Hahamisha ocupava um cume de morro estratégico nos
escarpados caminhos que levavam a Jerusalém pelo oeste, não muito longe da cidade
árabe de Abu Ghosh. Fundado durante a Revolta Árabe de 1936–39, era um dos
cinquenta e sete chamados assentamentos de torre e muro erigidos às pressas na
Palestina governada pelos britânicos, em uma tentativa desesperada de assegurar o
empenho sionista e, por fim, retomar o antigo reino de Israel. Seu nome e sua própria
identidade derivavam de um ato de vingança. Traduzido, Ma’ale Hahamisha significa “a
ascensão dos cinco”. Era um lembrete não tão sutil da morte de um terrorista árabe de
um vilarejo próximo pelas mãos de cinco judeus do kibutz.
Apesar das circunstâncias violentas de sua criação, o kibutz cresceu próspero com
suas couves-flores, seus pêssegos e seu charmoso hotel de montanha. Ari Shamron,
duas vezes ex-chefe do Escritório e éminence grise da inteligência israelense,
frequentemente usava o hotel como local de encontro quando o boulevard Rei Saul ou
um apartamento seguro não eram suficientes. Um desses encontros ocorreu em uma
tarde iluminada de setembro. Naquela ocasião, o convidado relutante de Shamron era
um jovem artista promissor chamado Gabriel Allon, que Shamron pinçara da Academia
Bezalel de Arte e Design. O grupo terrorista palestino Setembro Negro acabara de
assassinar onze atletas e treinadores israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, e
Shamron queria que Gabriel, falante nativo de alemão que tinha passado um tempo na
Europa, servisse como seu instrumento de vingança. Gabriel, com a rebeldia da
juventude, dissera para Shamron encontrar outra pessoa. E Shamron, não pela última
vez, o submetera à sua vontade.
O codinome da operação era Ira de Deus, expressão escolhida por Shamron para dar
à sua empreitada um verniz de sanção divina. Durante três anos, Gabriel e um pequeno
time de agentes perseguiram suas presas por todo o Leste Europeu e Oriente Médio,
matando à noite e em plena luz do dia, vivendo com medo de, a qualquer momento,
serem presos pelas autoridades locais e julgados como assassinos. Ao todo, doze
membros do Setembro Negro morreram nas mãos deles. Gabriel matou pessoalmente
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