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MA’ALE HAHAMISHA, ISRAEL
avot colocou uma fotografia sobre a mesa, uma rua em Beirute onde estavam
espalhados os destroços antigos de uma galeria de antiguidades.
— Suponho que tenha notado isto.
Gabriel assentiu lentamente. Ele havia lido sobre a morte de Clovis Mansour nos
jornais. Devido aos acontecimentos em Paris, o atentado em Beirute recebeu pouca
cobertura da imprensa. Nem um único veículo de comunicação tentou ligar os dois
acontecimentos, nem houve sugestão alguma na mídia de que Clovis Mansour estivesse
na folha de pagamentos de qualquer serviço de inteligência estrangeiro. Na realidade, ele
recebera dinheiro de pelo menos quatro: a CIA, o MI6, o Departamento Geral de
Inteligência (DGI) da Jordânia e o Escritório. Gabriel sabia disso porque, preparando-
se para assumir como chefe, estivera devorando livros de briefings sobre todas as
operações e os informantes atuais.
— Clovis era uma de nossas melhores fontes em Beirute — estava dizendo Navot
—, especialmente em questões que envolviam dinheiro. Nos últimos tempos, ele estava
vigiando o envolvimento do ISIS no comércio de antiguidades ilícitas, e foi por isso que
pediu uma reunião de emergência um dia depois que a bomba explodiu em Paris.
— Quem você mandou?
Navot respondeu.
— E desde quando Mikhail lida com agentes?
Sem dizer nada, Navot colocou outra fotografia sobre a mesa. Ela havia sido tirada
por uma câmera de segurança e tinha qualidade média. Mostrava dois homens sentados a
uma mesa redonda. Um deles era Clovis Mansour. Como sempre, estava vestido
impecavelmente, mas o homem à sua frente parecia que tinha pegado uma roupa
emprestada para a ocasião. No centro da mesa, apoiada em algo como uma faixa de pano
felpudo, estava uma cabeça em tamanho real, os olhos parados vazios no espaço. Gabriel
reconheceu a origem romana. Imaginou que o homem malvestido tinha mais partes da
estátua, talvez a peça toda. A cabeça perfeitamente intacta era apenas seu cartão de boas-
vindas.