A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Estive me perguntando a mesma coisa.
— E?
— Não sei por quê. Só estou feliz de não o terem matado. Teria acabado com minha
festa de despedida.
Gabriel devolveu a fotografia:
— Quanto você contou aos franceses?
— O suficiente para saberem que o plano contra o Centro Weinberg se originou no
califado. Eles não ficaram surpresos. Na verdade, já estavam cientes do envolvimento
sírio. Ambos os criminosos viajaram para lá no último ano. Um deles é uma francesa de
ascendência argelina. O cúmplice dela é um cidadão belga do distrito de Molenbeek, em
Bruxelas.
— Bélgica? Que chocante — disse Gabriel, ironicamente.
Milhares de muçulmanos da França, Inglaterra e Alemanha tinham viajado à Síria
para lutar ao lado do ISIS, mas a minúscula Bélgica ganhara a duvidosa distinção de ser
a maior fornecedora per capita de mão de obra para o califado na Europa.
— Onde eles estão agora?
— Em alguns minutos, o ministro do Interior francês anunciará que voltaram para a
Síria.
— E como chegaram lá?
— Pelo voo da Air France para Istambul; com passaportes emprestados.
— Mas é claro — houve um silêncio. Finalmente, Gabriel perguntou: — O que isso
tem a ver comigo, Uzi?
— Os franceses estão preocupados que o ISIS tenha conseguido construir uma rede
sofisticada em solo francês.
— Ah, jura?
— Os franceses também estão preocupados — disse Navot, ignorando o comentário
— que essa rede pretenda atacar novamente, em breve. Obviamente, gostariam de fechar
o caso antes do próximo ataque. E gostariam que você os ajudasse.
— Por que eu?
— Parece que você tem um admirador no serviço de segurança francês. O nome dele
é Paul Rousseau. Ele é responsável por uma pequena unidade operacional chamada
Grupo Alpha. Quer que você voe a Paris amanhã de manhã para uma reunião.
— E se eu não for?
— Aquele quadro nunca sairá do território francês.
— Tenho uma reunião com o primeiro-ministro amanhã. Ele vai contar para o
mundo que eu não morri naquele atentado em Brompton Road. Vai anunciar que sou o
novo chefe do Escritório.
— Sim — disse Navot, seco. — Eu sei.
— Talvez você devesse trabalhar com os franceses.
— Eu sugeri isso.
— E?

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