— Eles só querem você — Navot pausou, depois completou: — A história da
minha vida.
Gabriel tentou, mas não conseguiu evitar um sorriso.
— Tem um lado bom nisso — continuou Navot. — O primeiro-ministro acha que
uma operação conjunta envolvendo os franceses vai ajudar a reparar nossas relações com
um país que já foi um aliado valioso e confiável.
— Diplomacia via serviço secreto?
— Por assim dizer.
— Bom — disse Gabriel —, parece que você e o primeiro-ministro já resolveram
tudo.
— A ideia foi do Paul Rousseau, não nossa.
— Foi mesmo, Uzi?
— O que você está sugerindo? Que eu engendrei tudo isso para segurar meu
emprego um pouco mais?
— Você fez isso?
Navot abanou a mão como se estivesse dispersando um cheiro ruim.
— Aceite a operação, Gabriel. Se não por outro motivo, ao menos pela Hannah
Weinberg. Entre na rede. Descubra quem realmente é Saladin e o que ele está operando.
E aí acabe com ele antes que outra bomba exploda.
Gabriel olhou para o norte, na direção da distante massa negra de montanhas que
separava Israel do que restava da Síria.
— Você não sabe nem se ele existe mesmo, Uzi. Ele é só um boato.
— Alguém planejou aquele ataque e colocou as peças no lugar embaixo do nariz dos
serviços de segurança franceses. Não foi uma mulher de 20 anos das banlieues e o amigo
dela de Bruxelas. E não foi um boato.
O telefone de Navot acendeu-se como um fósforo na escuridão. Ele o levou
brevemente à orelha antes de entregá-lo a Gabriel.
— Quem é?
— O primeiro-ministro.
— O que ele quer?
— Uma resposta.
Gabriel olhou para o telefone por um momento.
— Diga a ele que primeiro preciso falar com a pessoa mais poderosa do Estado de
Israel. Diga que ligo para ele logo pela manhã.
Navot transmitiu a mensagem e desligou.
— O que ele disse?
Navot sorriu:
— Boa sorte.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1