A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Ele tinha nome?
— Não que meus amigos holandeses quisessem dividir comigo. Sugeriram, porém,
que o interesse americano no caso era grande.
— Que reconfortante.
— Aparentemente, a Casa Branca está preocupada que um ataque em solo americano
bem no fim do segundo mandato do presidente seja prejudicial ao legado dele. A
Agência está sofrendo muita pressão para garantir que isso não aconteça.
— Parece que o ISIS não é o time da série B, afinal.
— Para isso — continuou Rousseau —, a Agência espera cooperação total e
irrestrita dos amigos e parceiros dos Estados Unidos aqui na Europa. O homem de
Langley deve chegar a Paris amanhã.
— Pode ser bom você passar um tempo com ele.
— Meu nome já está na lista de convidados.
Gabriel entregou a Rousseau um pedaço de papel dobrado em quatro.
— O que é isto?
— Uma lista dos outros arquivos de que precisamos.
— Mais quanto tempo?
— Pouco — disse Gabriel.
— Foi o que você disse ontem e anteontem — Rousseau guardou a lista no bolso
interno de seu paletó de tweed. — Vai me dizer onde você e seus ajudantes estão
trabalhando?
— Quer dizer que vocês ainda não descobriram?
— Não tentamos.
— Por algum motivo — disse Gabriel —, acho difícil de acreditar.
Ele se levantou sem dizer mais nada e foi para a rua. Rousseau o observou
caminhando pela calçada escura, seguido discretamente por dois dos melhores homens
de vigilância do Grupo Alpha. O homenzinho careca com a gravata cor de lavanda
colocou algumas notas na mesa e saiu, deixando Rousseau sozinho na brasserie tendo
como única companhia seu celular. Cinco minutos se passaram antes de ele finalmente ter
uma luz. Era uma mensagem de Christian Bouchard.
— Merde — disse Rousseau, suavemente. Allon os tinha despistado novamente.

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