Não há sentimento pior para um espião profissional do que tomar conhecimento,
por um agente de outro serviço, de algo que ele mesmo já devia saber. Paul Rousseau
aguentou essa humilhação em um pequeno café na rue Cler, uma rua fechada para
pedestres, mas cheia de lojas da moda perto da Torre Eiffel. A polícia francesa erguera
barricadas nos cruzamentos e estava checando as bolsas e mochilas de todos que
ousavam entrar ali. Até Gabriel, que só tinha em sua posse um envelope amarelado cheio
de fotografias, foi inteiramente revistado antes de ter a permissão para passar.
— Se isso viesse a público — disse Rousseau —, seria profundamente embaraçoso
para meu serviço. Cabeças rolariam. Lembre, estamos na França.
— Não se preocupe, Paul, seu segredo está seguro comigo.
Rousseau folheou de novo as fotos de Safia Bourihane e do homem que, por dois
dias, a seguira por Paris sem ser detectado pela DGSI.
— O que você acha que ele estava fazendo?
— Observando-a, é claro.
— Por quê?
— Para garantir que ela era o tipo certo de garota — disse Gabriel. — A questão é:
você consegue encontrá-lo?
— Essas fotografias foram tiradas há mais de um ano.
— Sim? — perguntou Gabriel, sondando.
— Vai ser difícil. Afinal — explicou Rousseau —, ainda não conseguimos descobrir
onde sua equipe está trabalhando.
— É porque somos melhores do que ele.
— Na verdade, o histórico dele também é muito bom.
— Ele não foi até o café em Saint-Denis em um tapete mágico — disse Gabriel. —
Ele pegou um trem, um ônibus ou andou por uma rua com câmeras de segurança.
— Nossa rede de câmeras de circuito fechado não é nem de perto tão extensa quanto
a de vocês ou a dos britânicos.
— Mas existe, especialmente em um lugar como Saint-Denis.
— Sim — concordou Rousseau. — Existe.
— Então, descubra como ele chegou lá. E, depois, descubra quem ele é. Mas
independentemente do que fizer — adicionou Gabriel —, faça discretamente. E não
mencione nada disso para nosso amigo de Langley.
Rousseau consultou seu relógio de pulso.
— A que horas vai vê-lo?
— Às onze. O nome dele é Taylor, aliás. Kyle Taylor. Ele é subchefe do Centro de
Contraterrorismo da CIA. Aparentemente, o monsieur Taylor é muito ambicioso. Já
mandou muitos drones atrás de terroristas. Se mais uma cabeça rolar, ele pode ser o
próximo diretor de operações. Pelo menos, é o que dizem.
— Seria novidade para o diretor atual.
— O Adrian Carter?
Gabriel assentiu com a cabeça.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1