ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

o colocamos nas mãos de Dina.
— Tem mais uma coisa que precisamos fazer — destacou Gabriel.
— O quê?
— Encontrar alguém para consertar o vaso grego.
— Você não consegue?
— Um vaso é muito diferente de uma pintura.
Navot baixou os olhos para os sanduíches.
— Tem certeza de que não está com fome? Os sanduíches estão muito bons.
— Fique à vontade, Uzi.
— Talvez devêssemos embrulhar para a viagem. A comida na El Al não é mais a
mesma.
Eles pegaram o voo das 12h45 no Aeroporto de Kloten, em Zurique, e às 17h30
aterrissaram no Ben Gurion. A limusine Peugeot blindada de Navot aguardava na pista,
cercada pelo dobro do número habitual de guarda-costas. Recostada no capô, com um jeans
azul e os braços cruzados abaixo do peito, estava Chiara. Em silêncio, ela deu um abraço
demorado em Gabriel, o rosto cheio de lágrimas afundado em seu pescoço. Em seguida, o
beijou nos lábios e tocou com delicadeza as ataduras em sua bochecha.
— Você está horrível.
— Eu me sinto bem pior.
— Eu lhe diria para ir para casa e dormir um pouco, mas receio que não haja tempo
para isso.
— O que aconteceu?
Ela passou um papel a Navot. Ele acendeu a luz do teto da limusine e o leu.
— O comandante militar do Hezbollah está mandando suas forças se prepararem para
uma retaliação massiva contra Israel nas próximas duas semanas. — Navot fez uma bolinha
com o papel. — Ou seja, é como pensávamos. Eles vão nos atingir, Gabriel. Com violência. E
em breve.
O interrogador de Gabriel foi fiel à sua palavra e o material entregue se mostrou até
mais abrangente do que o esperado. Lavon comparou as informações recebidas com a
descoberta de uma cidade pertencente a uma civilização até então desconhecida. O que tornou
tudo ainda mais notável, salientou ele, foi o fato de elas terem sido fornecidas por um serviço
secreto que sempre tinha sido profundamente hostil aos interesses de Israel, até mesmo à
própria existência do Estado.
— Talvez a gente não esteja tão sozinho, afinal — comentou ele com a equipe naquela
noite. — Se os suíços podem abrir suas portas para nós quando precisamos, qualquer coisa é
possível.
O material revelou que David Girard, também conhecido como Daoud Ghandour,
apareceu nos radares internos do DAP pouco depois de receber o passaporte suíço vermelho
que lhe concedia permissão para entrar e sair à vontade dos territórios do Oriente Médio.
Havia o memorando original do chefe da Onyx, o sofisticado sistema de vigilância suíço,
manifestando preocupação acerca do fluxo de telefonemas, e-mails e transações financeiras da
Galeria Naxos. O DAP foi gentil e incluiu o relatório anexo, junto com todas as atualizações

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