5.400 quilos que destruiu os quartéis dos fuzileiros navais norte-americanos no Aeroporto de
Beirute, às 6h22 do dia 23 de outubro de 1983. Aquela explosão, a maior detonação não
nuclear desde a Segunda Guerra, matou 243 homens e mudou para sempre a face do terrorismo
global. Mais ataques se seguiram. Aviões foram seqüestrados, pessoas foram feitas reféns,
embaixadas sofreram bombardeios. Todos tinham um elemento em comum: tinham sido
executados a mando do homem que agora trabalhava na embaixada iraniana em Berlim,
protegido por um passaporte diplomático.
Mas o que convenceria um homem como Massoud a abrir mão de seus segredos mais
homicidas? E em primeiro lugar, como capturá-lo? Eles teriam que se valer da antiga prática
xiita conhecida como taqiyya, demonstrando uma falsa intenção. Não iriam seqüestrar
Massoud, explicou Gabriel. Ele teria que vê-los como salvadores e protetores. E, depois que
revelasse tudo o que sabia, deixariam que seguisse sua vida. Pescar e soltar. Sem causar mal
nenhum.
A equipe teria preferido observá-lo por um mês ou mais, porém isso era impossível: as
luzes de alerta piscavam no King Saul Boulevard, pois todas as informações indicavam um
grande ataque dentro de uma semana ou menos. Eles tinham que capturar Massoud antes que as
bombas explodissem ou Teerã apresentasse uma desculpa para levá-lo de volta para casa.
Esse era o maior medo de Gabriel, que o VEVAK tirasse Massoud de cena antes do ataque e
ele saísse do alcance do Escritório e do resto do mundo. Portanto, foi determinado um prazo
de três dias para planejar e executar o seqüestro de um diplomata iraniano no coração de
Berlim. Quando Eli Lavon estimou que as chances de sucesso eram de 25 por cento, Gabriel o
levou ao escritório improvisado de Dina para ver as fotografias do que poderia acontecer
caso eles falhassem.
— Eu não quero estimativas — falou Gabriel. — Eu quero Massoud.
A missão foi facilitada pelo fato de Massoud se sentir seguro em solo alemão. Sua
rotina — pelo menos no breve período em que eles puderam observá-la — era extremamente
disciplinada. Ele passava a maior parte do tempo dentro do posto do VEVAK na embaixada,
que ficava ao lado do Instituto Alemão de Arqueologia. A equipe considerou isso um bom
presságio. Massoud chegava ao trabalho antes das oito da manhã e saía tarde da noite. Seu
apartamento ficava a 3 quilômetros ao norte, em Charlottenburg. O automóvel oficial não
parecia ser blindado, mas Massoud mantinha um motorista e guarda-costas do VEVAK sempre
por perto. A tarefa de neutralizar o segurança na noite do seqüestro ficou a cargo de Mikhail.
Depois de anos se esquivando de balas iranianas durante o serviço militar em Israel, ele
estava ansioso para retribuir.
Mas onde fazer isso? Numa rua cheia? Vazia? Enquanto o carro estivesse parado no
sinal? Na porta da casa de Massoud? Gabriel declarou que o local seria determinado por um
único fator: precisava oferecer uma rota de fuga. Se eles escolhessem um ponto muito próximo
da embaixada, correriam o risco de se envolver num tiroteio com a polícia alemã, que
protegia o terreno diplomático dia e noite. Mas se deixassem Massoud chegar muito perto do
apartamento, poderiam ficar presos no trânsito de Charlottenburg. No fim, a escolha estava
clara para todos. Gabriel marcou o lugar no mapa com um alfinete vermelho-sangue. Eli
Lavon pensou que o pino lembrava uma lápide.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1