ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

procedimento fora realizado em silêncio. Na verdade apenas um dos bons samaritanos — o
homem com cabelos escuros e cicatrizes no rosto — tinha falado com o passageiro ferido:
"Venha conosco. Vamos protegê-lo dos judeus."
Como Gabriel havia previsto, a captura levou menos tempo que o esperado — apenas
treze segundos do começo ao fim, e a retirada de Massoud tomara apenas oito segundos.
Sozinho no esconderijo em Wannsee, ele acompanhou a primeira troca de veículos da noite e o
percurso da equipe rumo ao norte, pela E51 Autobahn. O tempo seria precioso; eles não
podiam desperdiçar um instante sequer. Alguns segundos poderiam significar a diferença entre
o sucesso e o fracasso, entre a vida e a morte. Gabriel não podia fazer mais nada. Ele pusera
fogo na cidade de seus pesadelos. Tudo o que restava era vê-la queimar.
Ele enviou uma mensagem para o King Saul Boulevard confirmando que a primeira
fase da operação seguira de acordo com os planos. Saiu da casa e entrou num Audi sedã.
Depois de passar pela casa assombrada à beira do lago onde o assassinato de seus avós fora
planejado, ele se dirigiu à auto-estrada. A polícia de Berlim ainda seguia para o Europa
Center. Mas por quanto tempo?
No último andar do Hotel Adlon, Shamron contemplava pela janela as luzes azuis da
polícia rodopiando lá embaixo. Nos últimos minutos, todas tinham convergido para o mesmo
ponto da Berlim Ocidental, mas, às 20h36, ele percebeu uma mudança no padrão. Não se deu
o trabalho de pedir uma explicação para o King Saul Boulevard. O engodo terminara. A
corrida até a fronteira havia começado.

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