ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

O iraniano deu de ombros.
— Então você tirou a vida de um dos principais agentes do Hezbollah para me matar
em circunstâncias que fossem constrangedoras para meu serviço?
Massoud anuiu.
— Quando a ligação do Hezbollah com a rede de contrabando de Cario foi exposta,
Girard deixou de ser útil. Ele era dispensável.
— Assim como você — replicou Gabriel. — Nós sabemos que um grande ataque está
vindo, e você vai nos ajudar a impedi-lo. Caso contrário, vou fazer com você o que fiz com
aquelas instalações secretas de enriquecimento de urânio. Vou explodi-lo em pedaços. E aí
vou despachar os restos para os seus mestres em Teerã numa caixa.
Ele tentou se esquivar e empurrou várias fábulas para satisfazer sua pequena e atenta
audiência, mas Gabriel não esperava outra coisa. Sua expressão deixava claro que ele já vira
performances similares. As demandas eram claras e inflexíveis: ele queria detalhes
verificáveis do ataque pendente — a hora, o lugar, o alvo, as armas e os membros da célula
atacante. Depois que o ataque fosse frustrado, Massoud seria solto com discrição. Mas se ele
se recusasse a fornecer a informação ou só a desse quando não tivesse mais serventia, Gabriel
o destruiria.
— Como sou seu único amigo no mundo — falou Gabriel —, eu o aconselharia a
aceitar nossa oferta generosa. Tudo o que você precisa fazer é dar os detalhes de um único
ataque. Em troca, você será liberado para mutilar e assassinar quantas pessoas quiser.
— Saiba que você estará no topo da minha lista, Allon.
— Eu recomendo que você aceite um trabalho burocrático na sede do VEVAK em
Teerã — replicou Gabriel —, porque, se você sair do Irã de novo, eu e meus amigos vamos
caçá-lo e matá-lo.
— Como posso ter certeza de que vocês não vão me matar de qualquer jeito?
— Porque nós não somos como vocês, Massoud. Quando fazemos um acordo, nós o
cumprimos. Além do mais, nunca fez parte do nosso estilo matar reféns a sangue-frio.
Massoud fitou as fotos de seus atentados antes de encarar Gabriel.
— Eu não tenho idéia de que dia é hoje.
— É sexta-feira.
A expressão de Massoud se tornou sombria.
— Que horas?
— Isso depende.
— Horário da Europa Central.
Gabriel ligou o celular e olhou para a tela.
— São 2h12 da madrugada.
— Ótimo. Isso significa que ainda temos um pouco de tempo.
— Quando será o ataque?
— Hoje à noite, pouco depois do pôr do sol.
— O sabá?
Massoud assentiu.
— Qual é o alvo?

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