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Viena
Gabriel conseguiu um voo que saía às 6h30 de Copenhague e chegava em Viena no
meio da manhã. Depois de entrar na Áustria com um passaporte norte-americano que
convenientemente se esquecera de devolver para Adrian Carter, ele entrou numa cafeteria do
aeroporto e leu os jornais por uma hora, até que viu Mikhail, Oded, Yaakov e Lavon
atravessando o saguão de desembarque. Seguiu-os até a saída e os observou entrando em
quatro táxis diferentes. Caminhou em direção a um sedã preto com placa de Viena e se
acomodou no banco de trás, onde Shamron já estava sentado. Ele se livrara da roupa sob
medida de lã e seda de Herr Heller e voltara a vestir calças cáqui, a camisa branca de
algodão e a jaqueta de couro. Ari jogou o cigarro pela janela quando o carro começou a andar.
— Parece que você não dorme há uma semana.
— Eu não durmo há uma semana.
— Só mais algumas horas, filho, e tudo estará terminado.
O carro entrou na A4 Ost Autobahn e seguiu para o centro de Viena. O tempo estava
terrível: chuva de vento com granizo e neve.
— Quanto os austríacos sabem? — perguntou Gabriel.
— Hoje, no começo da manhã, Uzi acordou Jonas Kessler, o chefe do serviço de
segurança austríaco, e disse que o país dele seria alvo de um ataque terrorista.
— Como Kessler reagiu?
— Depois de fazer o sermão obrigatório sobre como Israel está tornando o mundo
menos seguro, ele exigiu saber a origem da informação. Como você deve imaginar, a resposta
de Uzi foi um tanto vaga e Kessler não ficou muito contente.
— Ele tem noção da urgência?
— Ele sabe que estamos falando de horas e não dias, mas Uzi insistiu em falar o resto
pessoalmente. Aliás, seria uma boa idéia se você conduzisse a reunião.
— Eu?
Shamron assentiu.
— Alguns dos nossos aliados instáveis aqui na Europa têm a impressão de que nós
passamos informações só para engrandecer nossa própria importância. Mas se o aviso vier de
você, eles veriam claramente que a situação é séria. Mortalmente séria.
— Porque eles sabem que eu não pisaria neste país a menos que houvesse vidas em
risco?
— Exato.
— E quando eles perguntarem sobre a fonte da informação?
— Você diz que um passarinho lhe contou. E passa para o próximo item.
Gabriel ficou em silêncio por um tempo.
— Se Massoud estiver falando a verdade, o caso está além da capacidade dos
austríacos. Isso precisa ser resolvido com eficiência, Ari. Senão pessoas vão morrer. Muitas
pessoas.
— Então, talvez haja uma solução justa.