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Viena
O Ministério do Interior ocupava um antigo e grandioso palácio na Herengasse, número
- Nas profundezas da enorme estrutura, havia um centro de alerta e uma sala de crise, ambos
construídos nos dias tensos que se seguiram ao ataque de 11 de setembro, quando todos na
Europa, incluindo os austríacos, acreditavam que seriam os próximos na lista da Al-Qaeda.
Felizmente, Jonas Kessler só entrara no centro de alerta uma vez, na noite em que Erich Radek
fora capturado pelo mesmo homem que agora tinha a carreira de Kessler na palma da mão.
O centro era uma espécie de pequeno anfiteatro. No nível mais baixo, num espaço que
a equipe chamava de "poço", agentes de vários ramos da polícia federal austríaca e dos
serviços de segurança estavam sentados em três mesas comunais repletas de telefones e
computadores. Os funcionários do escalão mais alto ficavam acima, em estações de trabalho,
e o último nível era reservado aos chefes, ministros e, se necessário, o próprio chanceler.
Às 17h35, Kessler tomou seu lugar, entre o ministro do Interior e Uzi Navot. Ao lado
do diretor do Escritório, estava Ari Shamron, girando seu velho isqueiro entre os dedos e
encarando o maior monitor da parede. Mostrava o exterior do prédio da Koppstrasse. Às
17h50, no exato horário que Gabriel previra, quatro jovens libaneses surgiram na entrada.
Todos usavam casacos pesados de lã, com os rostos bem barbeados, um sinal de que tinham se
preparado ritualmente para os prazeres virginais que os aguardavam no paraíso.
Os árabes caminharam quatro quarteirões até a Thaliastrasse e entraram no metrô. Às
17h55, embarcaram no trem — em vagões distintos, como Gabriel havia alertado que fariam.
Observando-os pelos monitores, Kessler praguejou baixinho. Ele se voltou para Navot e
Shamron.
— Eu não sei como agradecer.
— Então não agradeça — respondeu Shamron, sombrio. — Só depois que tudo tiver
acabado.
— Carma ruim? — perguntou Kessler.
Shamron não deu nenhuma resposta; apenas continuou a girar o isqueiro entre os dedos,
nervoso. Ele não acreditava em carma. Ele acreditava em Deus. E em seu anjo vingativo,
Gabriel Allon.
Infelizmente, essa não era a primeira vez que terroristas árabes escolhiam a histórica
Stadttempel como alvo. Em 1981, duas pessoas foram mortas e trinta ficaram feridas quando
militantes palestinos atacaram um bar mitzvah com metralhadoras e granadas de mão. Por
causa disso, agora aqueles que desejavam entrar na sinagoga tinham que atravessar um cordão
de seguranças israelenses. Membros da comunidade judaica local costumavam ser admitidos
sem demora, mas visitantes precisavam passar por um interrogatório enlouquecedor e uma
revista dos pertences. Era mais ou menos tão agradável quanto embarcar num avião da El Al.
A maioria dos guardas eram veteranos do ramo de proteção diplomática do Shabak, o
serviço de segurança interna de Israel. Assim, dois dos homens de plantão naquela noite
reconheceram Yaakov quando ele se aproximou da sinagoga, seguido por Oded e Lavon.
Yaakov chamou as sentinelas de lado e avisou, com tanta calma quanto possível, que a