extrema direita. A situação ficou mais complicada no momento em que um grupo obscuro
neonazista alegou responsabilidade pelo feito. O primeiro instinto de Jonas Kessler foi de
corrigir a história. Mas Shamron e Navot o convenceram a não tomar qualquer atitude até as
nove da noite, quando ele enfim apareceu na sala de imprensa do Ministério do Interior para
revelar a verdade — ou, ao menos, a verdade de acordo com seu ponto de vista. Sim,
começou Kessler, houve de fato tiros na sinagoga, mas os quatro mortos eram homens-bomba
do Hezbollah que tinham vindo a Viena para realizar um violento ataque terrorista. As
autoridades austríacas haviam sido alertadas sobre a célula por meio de um serviço de
inteligência estrangeiro que, por razões compreensíveis, teria que permanecer incógnito.
Quanto à operação bem-sucedida, tratou-se de uma ação estritamente austríaca desempenhada
pela divisão EKO Cobra da polícia federal.
— Foi o melhor momento da EKO Cobra — concluiu Kessler com admirável
sinceridade.
Como seria de esperar, a imprensa focou seu interesse no elemento mais nebuloso da
história de Kessler: a fonte da informação que conduzira à operação. O serviço secreto suíço
se recusou a comentar, mas, dentro de 48 horas, várias "fontes" sem nome discretamente deram
o crédito à CIA. Os analistas de terrorismo na televisão voltaram a questionar a exatidão dos
relatos, acreditando no envolvimento de Israel. Os israelenses se recusaram a fazer qualquer
comentário.
Na manhã seguinte, o Die Presse, um dos jornais mais respeitados da Áustria, publicou
uma matéria detalhando a operação, baseada em grande parte no relato de testemunhas
oculares. O aspecto mais intrigante da história era a descrição do homem armado mais baixo.
E também havia a figura desgrenhada que supervisionara a evacuação do interior da sinagoga
nos minutos que precederam o ataque. Algumas pessoas acharam que ele tinha uma
semelhança notável com um homem que administrava uma agência de restituição de bens
roubados durante o Holocausto, chamada Inquéritos e Reivindicações da Guerra. Um jornal
israelense logo publicou que o homem em questão — o professor Eli Lavon, da Universidade
Hebraica — estava trabalhando numa escavação próxima ao Túnel do Muro das Lamentações
quando o ataque se deu e que não tinha nenhuma ligação conhecida com a inteligência
israelense.
Desnecessário dizer que grande parte do mundo islâmico logo fervilhava, irada com
Israel, seus serviços de inteligência e, por extensão, seus novos amigos austríacos. Jornais em
todo o Oriente Médio declararam que os assassinatos foram um ato injustificado e desafiaram
a Áustria a mostrar os coletes com explosivos supostamente usados pelos quatro "mártires".
Quando Kessler fez isso, a imprensa árabe declarou que eles eram fraudulentos. No momento
em que as fotos editadas dos corpos foram divulgadas, mostrando com clareza quatro homens
cheios de bombas, os árabes declararam que também eram fraudes. Eles viam a mão oculta de
Israel no assassinato. E, uma vez na vida, estavam certos.
Foi em meio a essa agitação que Massoud Rahimi, o diplomata iraniano seqüestrado,
foi descoberto algemado e vendado numa pastagem no extremo norte da Alemanha. Ele disse à
polícia alemã que tinha escapado de seus seqüestradores, mas o Exército de Libertação
Iraniana declarou que soltara Massoud por "razões humanitárias". Na manhã seguinte, com
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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