— Diga a Uzi que, se quiser que Israel ainda exista na semana que vem, ele deve largar
o que estiver fazendo e vir até aqui imediatamente.
Dina desligou o telefone e encarou a televisão. O papa tinha acabado de alcançar a
sexta estação, o local onde Verônica enxugara o rosto de Jesus. "Nós vos adoramos, ó Cristo,
e vos bendizemos."
O sangue nunca dorme...
42
Tel Aviv — Jerusalém
— Dina, você só pode estar brincando.
Sua expressão deixou claro que ela não estava.
— Explique-se — pediu Navot.
— Não há tempo.
— Então seja rápida.
Ela apontou para a foto das ruínas da Galeria Naxos em St. Moritz.
— O que tem isso?
— De acordo com Massoud, David Girard sabia que Gabriel estava investigando o
assassinato de Claudia Andreatti no Vaticano e que ele chegara perto demais de Cario
Marchese.
— Continue.
— Por que Girard ainda estava na Europa? Por que ele não voltou para a terra do
Hezbollah?
— Porque eles queriam deixá-lo como isca para Gabriel.
— Correto. Mas por quê?
— Porque eles queriam matá-lo por ter explodido as centrífugas.
— É possível, Uzi, mas não acho que seja isso. Acho que eles queriam que Gabriel
fosse a St. Moritz por outra razão.
— Qual?
— Taqiyya. — Dina indicou outra imagem, do assassino iraniano Ali Montezari e da
garota que o acompanhava. — Eles deram o trabalho para alguém que nós reconheceríamos.
Eles queriam que nós soubéssemos quem estava por trás.
— Por quê?
— Porque eles também queriam que nós encontrássemos isto. — Ela gesticulou em
direção à foto de Massoud ao lado de Girard, num ônibus em Zurique. — Eu verifiquei o
tempo em Zurique no dia em que ela foi tirada. O sol brilhava, mas fazia um frio terrível.
— Isso é importante?
— Massoud não está usando luvas. — Ela apontou para as bandagens em sua mão
direita. — Porque desejava que nós víssemos isto. — Ela fez uma pausa e acrescentou: — Ele
queria que eu visse.