ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

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Cidade Antiga, Jerusalém
Gabriel caminhou por um tempo, mas, ao passar pela Igreja do Redentor, já estava
correndo o mais rápido que podia. Pelos becos estreitos do Bairro Cristão, peregrinos
bloqueavam a passagem em cada esquina. Quando ele chegou ao Bairro Judeu, as multidões
ficaram menos densas. Ele tomou a direção leste — subindo e descendo degraus de pedra,
passando por baixo de arcos e através de praças tranqüilas — até alcançar uma das entradas
do Muro das Lamentações. Como era sexta-feira, a praça estava mais cheia do que o habitual.
Centenas de pessoas rezavam em frente ao muro e Gabriel calculou que havia pelo menos
outras cem dentro das sinagogas no Arco de Wilson. Ele parou e tentou imaginar o que
aconteceria se uma das pedras gigantes se soltasse. Em seguida, andou até o policial de
escalão mais alto que conseguiu encontrar.
— Eu quero que você feche o muro e a praça.
— Quem você pensa que é? — perguntou o policial.
Gabriel ergueu os óculos escuros. O policial quase bateu continência.
— Eu não posso fechar sem uma ordem direta do meu chefe — disse ele, nervoso.
— A partir deste momento, eu sou seu chefe.
— Sim, senhor.
— Feche a praça e o Arco de Wilson. E seja o mais discreto possível.
— Se eu disser aos haredim que eles precisam sair, não vai ser nada discreto.
— Dê um jeito de tirá-los daqui.
Gabriel se voltou sem dizer mais nada e seguiu para a entrada do Túnel do Muro das
Lamentações.
A mesma mulher ortodoxa da outra vez estava lá para cumprimentá-lo.
— Ele está lá embaixo? — perguntou Gabriel.
— No mesmo lugar.
— Quantas pessoas estão no túnel?
— Sessenta turistas e uns vinte funcionários.
— Mande todo mundo sair.
— Mas...
— Agora.
Gabriel parou um segundo para ver um e-mail de Dina em seu BlackBerry.
Ele continuou a andar para dentro da terra e para trás no tempo, até chegar à beira da
vala de escavação de Lavon, que estava agachado sobre os ossos de Rivka sob uma luz branca
cegante. Ao ouvir Gabriel, ele ergueu o rosto e sorriu.
— Belo terno. Por que você não está com Sua Santidade?
Gabriel jogou o BlackBerry no buraco. Lavon o pegou com destreza no ar e encarou a
tela.
— O que é isso?
— Saia desse buraco, Eli, e eu explico tudo.

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