Enquanto isso, Hassan Darwish estava no topo do muro ocidental do Monte do Templo
observando a praça vazia a seus pés. Alertas de segurança eram comuns em Jerusalém, mas os
israelenses só bloqueavam o acesso ao lugar mais sagrado do judaísmo quando acreditavam
num ataque iminente. Podia ser apenas uma ameaça não relacionada, mas Darwish não achava
isso provável. De alguma forma, a trama viera à tona.
Virando para trás, Darwish atravessou a esplanada na direção do Domo da Rocha.
Como sempre, apenas mulheres e homens idosos puderam entrar no Haram para as preces de
sexta-feira. Darwish deu boa-tarde para alguns deles, com o cumprimento habitual de paz,
antes de ir para o Poço das Almas. Ao chegar lá, ele passou por uma porta trancada e seguiu
um lance de escadas que descia até o coração da Montanha Sagrada. No instante seguinte, se
encontrou diante de uma das maiores cisternas do Monte do Templo, ouvindo o som de batidas
distantes.
Aquilo só podia ser uma coisa.
Os judeus estavam vindo.
Eles bateram na parede por cinco minutos ininterruptos, Lavon com a marreta e Gabriel
com a picareta. Gabriel abriu o primeiro buraco, do tamanho de um punho. Ele tirou a lanterna
do capacete e iluminou o vazio atrás do bloqueio.
— O que você está vendo? — perguntou Lavon.
— Uma cisterna.
— Qual é o tamanho?
— Difícil dizer, mas parece ter quase 30 metros de comprimento e pouco mais de 5 de
largura.
— Mais alguma coisa?
— Degraus, Eli. Estou vendo os degraus.
O chefe de segurança do Waqf de Jerusalém tinha 45 anos e era veterano do Fatah e da
Brigada de Mártires da Al-Aqsa. Seu nome era Abdullah Ramadan. Darwish ligou para seu
celular e lhe disse para ir à cisterna embaixo do Domo da Rocha. Ele não teve que explicar o
significado das batidas.
— Portão de Warren?
— Pode ser — respondeu o imã. — Ou um dos novos que eles descobriram durante
suas escavações ilegais.
— O que você quer que eu faça?
— Leve três dos seus melhores homens e descubra se eles estão tentando acessar o
Haram.
— E se estiverem?
— Puna-os.
O primeiro-ministro consultou o relógio na parede do gabinete. Eram 14h10. Ele olhou
para Navot e perguntou:
— De que tamanho está o maldito buraco?
Navot passou a questão para Gabriel e repetiu a resposta para o político e as demais
pessoas na sala.
— Ainda não está grande o suficiente.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1