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Jerusalém
Foram só 44 segundos, mas depois Navot juraria que o episódio tinha durado uma hora
ou mais. De seu ponto de vista limitado, parecia que Gabriel e Lavon estavam sendo atacados
por uma legião de árabes. Porém, o que mais impressionou Navot foi o som da respiração de
Gabriel. Nem por um instante ele alterou o ritmo normal ou falou, com exceção das duas vezes
em que pediu a Lavon para manter a cabeça abaixada.
As gravações indicariam que Gabriel só deu o primeiro tiro quase vinte segundos após
o ataque ter começado. Em seguida, ouviu-se um grito agonizante que parecia vir das
profundezas do Poço das Almas. Cinco segundos depois, Gabriel disparou pela segunda vez e
a intensidade do fogo inimigo diminuiu consideravelmente. Seus dois tiros seguintes foram
dados em rápida sucessão e causaram outro berro de dor. Mais dois disparos consecutivos e o
tiroteio terminou, restando apenas o som de um árabe implorando por misericórdia.
— Quem mandou vocês aqui? — Navot escutou Gabriel perguntando, com calma.
— Vá para o inferno! — gritou uma voz em árabe.
Navot escutou outro tiro, seguido por um berro.
— Quem mandou vocês? — repetiu ele.
— O imã — respondeu o árabe, rangendo os dentes.
— Qual imã?
— Darwish.
— Hassan Darwish?
— Sim... foi... Hassan.
— Onde está a bomba?
— Que bomba?
— Onde está?
— Eu não sei... de nenhuma bomba.
— Você está dizendo a verdade?
-Sim!
— Está?
— Sim! Eu juro.
Navot ouviu mais um disparo e, então, apenas o som da respiração inalterada de
Gabriel.
— Ainda estamos no jogo? — perguntou o primeiro-ministro.
— Por enquanto — respondeu Navot.
— Acho que isso elimina qualquer dúvida sobre a existência de uma bomba.
— Sim, acho que elimina. Mas agora temos outro problema.
— Qual?
— Gabriel Allon está dentro do Monte do Templo, apenas com a cobertura de Eli
Lavon.
— Você sabe o que vai acontecer se eles forem pegos?