— As Escrituras não são muito claras, mas nós sempre supomos que os babilônios os
arremessaram no vale do Cédron, sobre os muros do Monte do Templo. — Ele encarou
Gabriel com um sorriso pesaroso. — Soa familiar?
— Muito — concordou Gabriel.
Lavon caminhou até o pilar seguinte. Tinha pouco mais de 2 metros de altura e um dos
lados estava escurecido pela ação do fogo.
— "Atearam fogo ao vosso santuário" — entoou, recitando Salmos 73 — "profanaram,
arrasaram a morada do vosso nome".
— Você precisa ir embora, Eli.
— Por onde? Pelas escadas, na direção do tiroteio?
— Siga pelos aquedutos até o Túnel do Muro das Lamentações.
— E o que eu faço se deparar com outro grupo de guerreiros de Saladino? Combato-os
com minha picareta, como um cruzado?
— Leve minha arma.
— Eu não saberia o que fazer com ela.
— Você serviu no Exército, Eli.
— Eu era médico.
— Eli — chamou Gabriel, exasperado, mas Lavon não mais escutava, se movendo
lentamente de pilar a pilar, no rosto uma expressão que mesclava espanto e raiva.
— Eles devem ter sido arrancados do vale em 538 a.C., quando o império persa
autorizou a construção do Segundo Templo. Cinco séculos depois, Herodes renovou o lugar e
deve tê-los usado como parte da estrutura de suporte, o que explicaria por que o Waqf os
encontrou durante as escavações. Os pilares eram grandes demais para serem jogados fora,
então os muçulmanos os esconderam aqui, junto com todo o resto que tiraram da montanha. —
Ele passou os olhos pela vasta caverna. — Mesmo se conseguíssemos remover esse material
daqui, ele não tem mais um contexto adequado que sirva de evidência. É como se tivesse
sido...
— Saqueado.
— Sim. Saqueado.
— Nós vamos tirá-lo, Eli, mas você realmente precisa ir agora.
— Eu não vou abandonar isso aqui — rebateu Lavon. Ele continuava a vagar de um
pilar a outro, o rosto voltado para cima. — Os desenhos contemporâneos do Primeiro Templo
costumam representar um teto em cima do heikhal, mas estão equivocados. Era um pátio
aberto com câmaras de dois andares nos três lados. E na extremidade oeste da estrutura ficava
o debir, o Santo dos Santos, onde eles mantinham a Arca da Aliança.
Lavon se aproximou do local com cuidado, pois fora lá que o imã Darwish colocara a
bomba. Não uma qualquer, pensou Gabriel. Era uma parede de explosivos, conectados e
preparados para explodir. Se fosse algo pequeno, Gabriel poderia tentar desarmá-la com um
perito sussurrando instruções em seus ouvidos. Mas não aquilo.
— Como você acha que eles conseguiram fazer isso?
— Tenho certeza de que Darwish vai ter prazer em nos explicar.
Lavon balançou a cabeça devagar.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1