— Nós fomos tolos ao permitir que eles mantivessem controle absoluto sobre este
lugar. Talvez devêssemos ter nos comportado como todos os outros exércitos que
conquistaram Jerusalém.
— Derrubar o Domo e a Al-Aqsa? Reconstruir o Templo? Você não acredita de fato
que essa teria sido a atitude correta, Eli.
— Não — admitiu ele. — Mas numa hora dessas eu tenho o direito de imaginar outro
cenário.
Gabriel consultou o relógio.
— Quantos minutos faltam?
— Se Dina tiver razão...
— Dina tem sempre razão — interrompeu Lavon.
— Vinte e cinco minutos. Você precisa sair daqui.
Lavon deu as costas para a bomba e ergueu os braços, indicando os pilares.
— Não existe nenhum artefato autenticado do Primeiro ou do Segundo Templo.
Nenhum. É por isso que os líderes palestinos conseguiram convencer seu povo de que os
templos são um mito. Assim, eles esconderam esses pilares num buraco 50 metros abaixo da
superfície. — Ele encarou Gabriel e sorriu. — Eu só vou sair desta montanha depois de me
certificar que os pilares estão a salvo.
— São só pedras, Eli.
— Eu sei. Mas são as minhas pedras.
— Você está mesmo disposto a morrer por elas?
Lavon ficou em silêncio por um instante. Então, se voltou para Gabriel.
— Você tem uma esposa linda. Talvez algum dia tenha um filho lindo. Outro filho lindo
— corrigiu ele. — Mas eu... Essas pedras são tudo o que tenho.
— Você é a pessoa mais próxima de um irmão que eu tenho no mundo, Eli. Não vou
deixá-lo para trás.
— Vamos morrer juntos — falou Lavon. — Aqui, na casa de Deus.
— Acho que existem lugares piores para morrer.
— Sim. Acho que sim.
Naquele mesmo instante, Hassan Darwish se encontrava na entrada da estrutura
subterrânea cuja construção ele havia ordenado, ouvindo os dois judeus conversando em seu
idioma antigo. O imã reconheceu os dois: o famoso arqueólogo bíblico Eli Lavon, crítico do
Waqf e de seus projetos de construção, e Gabriel Allon, o assassino de heróis palestinos.
Darwish mal pôde acreditar em sua sorte. A presença daqueles homens tornaria sua tarefa
mais difícil. Mas também faria com que sua jornada ao paraíso fosse muito mais doce.
O imã voltou o olhar para o explosivo que jazia em meio às ruínas do Primeiro
Templo. O Sr. Farouk instalara um mecanismo auxiliar de acionamento manual no detonador,
prevendo uma situação semelhante àquela, e mostrara a Darwish como ativá-lo. Bastava
apertar um botão.
Foi então que ele escutou o som de botas vindo dos aquedutos. Pelo visto, os judeus
tinham penetrado as defesas do Waqf. A história estava tentando se repetir. Mas não dessa vez,
pensou o imã. Os santuários sagrados do Islã não cairiam nas mãos dos infiéis, como ocorrera
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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