ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

original da Academia Bezalel de Artes e Design. Em seguida, ele a levou para tomar um
sorvete e caminhar pela rua Ben Yehuda.
— Donati ligou hoje à tarde — disse ela de repente, como se tivesse acabado de se
lembrar. — Ele quer saber quando você vai voltar a Roma para terminar o Caravaggio e lidar
com Cario.
— Eu quase me esqueci dos dois.
— Isso é compreensível, querido. Afinal, você salvou Israel e o mundo do apocalipse
e encontrou 22 pilares do Primeiro Templo.
Gabriel sorriu.
— Eu vou depois de amanhã.
— Eu vou com você.
— Você não pode ir. Além do mais, tenho um trabalho para você. Dois trabalhos, na
verdade.
— Quais?
— Preciso que alguém fique de olho em Eli até eu voltar.
— E o outro?
— O governo decidiu colocar os pilares numa ala especial do Museu de Israel. Você
vai fazer parte da equipe responsável pelo design de interior do prédio e pela exposição
principal.
— Gabriel! — exclamou ela, abraçando-o, — Como foi que você conseguiu isso?
— Como descobri os pilares, tenho um pouco de influência. Eles queriam até nomear a
exposição em minha homenagem.
— O que você disse?
— Que o nome devia ser Ala Eli Lavon. Já estou grato por não ser Ala Memorial Eli
Lavon.
— Eles vão mudar alguma coisa?
— Nos pilares?
Chiara assentiu.
— Você ouviu o que os palestinos falaram sobre eles?
— Mentiras sionistas.
— Negação do Templo — completou Gabriel. — Eles não podem admitir que
estivemos aqui antes deles porque isso significaria que temos o direito de estar aqui agora.
Aos olhos deles, precisamos ser considerados invasores estrangeiros, como os cruzados.
— O sangue nunca dorme — falou Chiara, em voz baixa.
— Nem está em falta. Nossos amigos no Ocidente gostam de pensar que o conflito
árabe-israelense pode ser resolvido com uma linha desenhada num mapa. Mas eles não
entendem história. Há três mil anos que essa cidade se encontra num estado de guerra quase
constante. E os palestinos vão continuar lutando enquanto estivermos aqui.
— Então, o que fazemos?
— Seguramos firme — respondeu Gabriel. — Porque na próxima vez que perdermos
Jerusalém, vai ser para sempre. E para onde iríamos?

Free download pdf