ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

não podem descartar Roma. Nós mal acabamos de reconstruir os danos do último ataque. —
Pazner olhou para Gabriel. — Algo me diz que você se lembra bem daquele ataque.
Gabriel permaneceu em silêncio.
— É a Al-Qaeda?
— Depois da sua última operação, não deve mais haver nenhuma rede ou célula da Al-
Qaeda com capacidade de perpetrar um ataque de grande escala na Europa. E como os
palestinos não têm nenhum interesse em nos atingir aqui por enquanto, resta apenas um
candidato.
— Os iranianos.
— Agindo por meio de seus respresentantes favoritos, claro.
Hezbollah...
Eles chegaram ao final da Piazza di Siena. A praça oval e larga estava bem iluminada
pela lua e o som do trânsito ao longo do Corso não passava de um sussurro. Era quase
possível imaginar que eles eram os dois últimos homens vivos numa cidade antiga.
— Qual é a fonte? — perguntou Gabriel.
— Fontes — corrigiu Pazner. — É um mosaico de inteligência, vinda tanto de homens
quanto de satélites. Parece que a Força Qods da Guarda Revolucionária está encarregada da
operação. O Departamento Cinco do VEVAK também parece estar envolvido.
VEVAK era o acrônimo em persa do formidável Ministério de Inteligência e Segurança
Nacional do Irã. O Departamento Cinco estava entre suas divisões mais importantes, por lidar
exclusivamente com o Estado de Israel.
— Segundo um de nossos agentes no sul do Líbano — continuou Pazner —, uma equipe
do Hezbollah deixou Beirute há cerca de seis semanas. Nós achamos que é uma operação de
vingança. Honestamente, já estamos esperando algo assim há algum tempo. Eles têm boas
razões para estarem irritados conosco.
Por boa parte da última década, o Escritório travara uma guerra contra o programa
iraniano de armas nucleares. Cientistas foram assassinados; vírus potentes, introduzidos nos
computadores de instalações e laboratórios; peças defeituosas, inseridas na cadeia de
suprimentos do país — inclusive dezenas de centrífugas industriais sabotadas que destruíram
quatro instalações secretas de enriquecimento de urânio. A operação foi uma das melhores
conduzidas por Gabriel. Seu codinome, adequadamente, foi Obra-Prima.
— O meu nome apareceu em algum momento?
— Nem um indício. Mas isso não significa que você não esteja entre os suspeitos.
Qualquer um que subestime os iranianos o faz por sua conta e risco.
— Eu nunca os subestimei. Mas não tenho qualquer intenção de passar o resto da minha
vida escondido.
— Ninguém está sugerindo isso.
— E o que você está sugerindo?
— Jerusalém é um lugar encantador nesta época do ano.
— Na verdade, é terrível. Mas isso não vem ao caso. Estou ocupado demais para
deixar Roma.

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