ANJO CAÍDO

(Carla ScalaEjcveS) #1

Mulheres mortas são como cofres de banco... quase sempre contêm segredos
desagradáveis...
O ruído de uma moto afastou a imagem dos pensamentos de Gabriel. Ela estava vindo
rapidamente na direção deles, a luz dos faróis oscilando com a vibração dos pneus nas pedras.
Gabriel empurrou Chiara para perto dos carros estacionados e fixou o olhar no piloto. Ele
conduzia o veículo com uma só mão. A outra, a mão direita, estava dentro do casaco de couro.
Quando ela apareceu, Gabriel viu a silhueta inconfundível de uma arma com silenciador, que
mirou primeiro no peito de Gabriel, depois em Chiara.
Gabriel sentiu um vazio na parte de trás da calça, onde costumava carregar sua Beretta.
Como sabia krav magá, ele tinha prática em muitas técnicas para neutralizar um oponente
armado. Mas quase todas envolviam um oponente muito próximo, e não numa moto em alta
velocidade. Gabriel não teve escolha além de agir conforme um dos princípios centrais do
serviço no Escritório: se você tiver poucas boas opções, improvise, e seja rápido.
Usando a mão esquerda, ele empurrou Chiara para o chão. Com um golpe violento do
cotovelo direito, arrancou o retrovisor de um carro estacionado. O arremesso, embora
pecando em velocidade, foi de impressionante precisão. O assassino desviou instintivamente
para evitar o projétil, tirando a mira do alvo por um ou dois segundos cruciais. Gabriel se
agachou depressa e, quando a moto se aproximou, ele bateu com o ombro no capacete do
homem, separando-o da moto e da arma. O piloto caiu no chão, com a arma quase a seu
alcance. Por precaução, Gabriel quebrou o pulso do homem. Arrancou o capacete com um
chute. O assassino tinha a compleição de alguém originário da Calábria. Seu hálito fedia a
tabaco e medo.
— Você tem idéia de quem eu sou? — perguntou Gabriel, calmo.
— Não — respondeu o homem, ofegante, e segurando o pulso.
— Então você é o matador de aluguel mais burro do mundo. — Gabriel recolheu a
arma, uma Heckler & Koch calibre 45, e apontou-a para o rosto do assassino. — Quem
contratou você?
— Eu não sei — respondeu ele, arquejando. — Eu nunca sei.
— Resposta errada.
Gabriel encostou a ponta do silenciador no joelho do assassino.
— Vamos tentar mais uma vez. Quem contratou você?

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