arruinaria o grupo terrorista. Mas não seria suficiente apenas provar que ele era um criminoso.
Também encontrariam a cordata que o ligava diretamente ao Hezbollah. E então o enforcariam
com ela.
Eles eram uma espécie de família e, como toda família, tinham rivalidades mesquinhas,
ressentimentos não verbalizados e várias formas de atrito fraterno. Mas ainda assim
conseguiram se dividir em subunidades e estabelecer um ritmo de trabalho com um mínimo de
disputas. Yossi, Chiara e Mordecai se responsabilizaram por Cario, enquanto as redes de
arrecadação de fundos do Hezbollah ficaram a cargo de Dina, Rimona, Yaakov e Mikhail.
Gabriel e Lavon assumiram um lugar intermediário, pois a eles caberia a tarefa de encontrar a
ligação entre as duas organizações — ou, como descreveu Lavon, a aliança que unia Cario e o
Hezbollah num matrimônio criminoso.
Em pouco tempo, as paredes da sala já refletiam a natureza única do empreendimento.
De um lado, estava o delineamento do império lícito de Cario e, do outro, os elementos
conhecidos da Corporação Hezbollah, que tinha uma única função — gerar um fluxo constante
de dinheiro para o grupo terrorista mais perigoso da história. Foi o Hezbollah — e não a Al-
Qaeda — que pela primeira vez transformou seres humanos em bombas e conquistou um
alcance global. De fato, em duas ocasiões, os tentáculos da organização atingiram Buenos
Aires — em 1992, no bombardeio da embaixada israelense que matou 29 pessoas, e em 1994,
no atentado a um centro comunitário judeu que assassinou 95. O Hezbollah tinha milhares de
terroristas muito bem-treinados, infiltrados na diáspora mundial do Líbano, e seu vasto arsenal
incluía diversos Scud, fazendo dele o único grupo terrorista com mísseis balísticos. Em suma,
eles podiam executar um ataque cataclísmico no lugar e na hora de sua escolha. O único
requisito era ter a bênção dos mestres clericais xiitas em Teerã.
Foi Alá que forneceu a inspiração para o Hezbollah, mas meros mortais cuidam de suas
necessidades financeiras. Os rostos dessas pessoas estavam no lado de Dina da parede. No
centro da teia, ela colocou o Banco Bizantino do Líbano — ou BBL, no léxico da equipe. Com
ajuda da Unidade 8200, montou uma matriz de redes de comunicação que iam de Londres à
tríplice fronteira sem lei da América do Sul. O BBL era a argamassa. Graças aos detetives
cibernéticos da Unidade, a equipe ganhou acesso aos livros de contabilidade. Yaakov brincou
que ele sabia mais sobre as operações e investimentos do banco que o próprio presidente.
Logo ficou claro que a instituição — "Talvez esse não seja o melhor termo", zombou Yaakov
— era pouco mais que uma fachada para o Hezbollah.
— Sigam o dinheiro — instruiu Gabriel — e, com um pouco de sorte, chegaremos ao
homem do Hezbollah que está dentro da rede.
De forma geral, Gabriel passou a investigação imerso num curso intensivo sobre o
comércio global ilícito de antigüidades — especificamente, sobre como tesouros reluzentes
do passado transitavam das mãos sujas dos ladrões e saqueadores de túmulos até o mercado
legítimo. Boa parte do trabalho envolvia uma revisão exaustiva de monografias, catálogos,
bancos de dados de museus, registros de leilões e inventários publicados de negociantes ao
redor do mundo. De vez em quando, ele ia com Eli Lavon ao Museu Rockefeller para ouvir um
especialista em saques da Autoridade de Antigüidades de Israel. Além disso, telefonou para
um velho amigo no mundo de negócios londrino que tinha um bom número de conhecidos
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1