Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

que preguiçava horas em cafés e bares, e viajava para aliviar o
aborrecimento.
O seu nome verdadeiro era Uzi Navot. No léxico hebraico dos
serviços secretos israelenses, Navot era um katsa, um operacional de
campo secreto e oficial de casos.
O seu território era a Europa Ocidental. Detentor de um charme
malandro, poliglota e de uma arrogância fatalista, Navot tinha penetrado
células de terrorismo palestino e recrutado agentes em embaixadas árabes
espalhadas pelo continente. Possuía contatos em quase todos os serviços
secretos e de segurança da Europa e orientava uma vasta rede de sayanim,
auxiliares voluntários recrutados em comunidades judaicas locais. Podia
sempre contar com a melhor mesa na sala de grelhados do Ritz de Paris
porque o maître d'hôtel era um informante pago, assim como o chefe dos
serviços de limpeza.
— Konrad Becker, apresento-lhe Oskar Lange.
O banqueiro permaneceu sentado e imóvel por um longo momento,
como se tivesse sido subitamente transformado em estátua. Então os seus
pequenos olhos espertos pousaram em Shamron, e levantou as mãos num
gesto inquisitório.
— O que devo fazer eu com ele.
— Diga-nos você. Ele é muito bom, o nosso Oskar.
— Consegue fazer-se passar por advogado?
— com a devida preparação, ele conseguia fazer-se passar pela sua
mãe.
— Quanto tempo tem de durar esta charada?
— Cinco minutos, talvez menos.
— Quando se está com Ludwig Vogel, cinco minutos podem parecer
uma eternidade.
— Foi o que ouvi dizer — disse Shamron.
— E o Klaus?
— Klaus?
— O guarda-costas de Vogel.
Shamron sorriu. A resistência tinha terminado. O banqueiro suíço
juntara-se à equipe e jurara fidelidade à bandeira de Herr Heller e o seu
nobre empreendimento.
— Ele é muito profissional — disse Becker. — Já estive na casa
meia dúzia de vezes, mas ele revista-me sempre minuciosamente e pede-
me para abrir a pasta. Portanto, se está a pensar levar uma arma para
dentro da casa...

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