Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

Para surpresa de todos, o atarracado arquivista provou ser uma presa
esquiva e conseguiu escapar aos seus captores durante vários minutos até
ser encurralado pelos dois agentes do Escritório na Rua Ben Yehuda.
Ele chegou ao apartamento seguro em Lehel ao fim dessa tarde,
carregando duas malas cheias de material de pesquisa e irritado pela
maneira como tinha sido convocado.
— Como esperam raptar um homem como Erich Radek se não
conseguem apanhar um arquivista gordo? Vá lá — disse ele, puxando
Gabriel para a privacidade do quarto do fundo. — Temos muito terreno
para cobrir e pouco tempo para o fazer. No SÉTIMO DIA, Adrian Carter
chegou a Munique. Era uma quarta-feira; chegou ao apartamento seguro ao
fim da tarde, quando o crepúsculo se tornava escuro. O passaporte no bolso
do seu sobretudo ainda dizia Brad Cantwell. Gabriel e Shamron tinham
acabado de regressar de um passeio nos Jardins Ingleses e ainda estavam
embrulhados em chapéus e cachecóis. Gabriel tinha enviado o resto dos
elementos da equipe para as posições de fase final, consequentemente o
apartamento seguro estava vazio de pessoal do Escritório. Apenas Rivlin
permanecia. Saudou o diretor da CIA com a camisa para fora e os sapatos
descalçados e disse que seu nome era Yaacov. O arquivista tinha-se
adaptado bem à disciplina da operação.
Gabriel fez o chá. Carter desabotoou o casaco e conduziu-se a si
próprio numa preocupada excursão pelo apartamento. Passou bastante
tempo em frente aos mapas. Carter acreditava em mapas. Os mapas nunca
te mentirão. Os mapas nunca te dirão o que eles acham que tu queres ouvir.
— Gosto do que fizeste com o sitio, Herr Heller. — Carter
finalmente despiu o sobretudo. — Miséria neo-contemporânea. E o cheiro.
Tenho certeza de que o conheço. Trazido da Wienerwald ao fundo do
quarteirão, se não estou em erro. Gabriel entregou-lhe uma caneca de chá
com o cordão da saqueia ainda pendente do rebordo.
— Porque estás aqui Adrian?
— Pensei em passar para ver se precisavam de ajuda.
— Tretas.
Carter sentou-se pesadamente no sofá, um vendedor no final de
uma longa e improdutiva viagem pela estrada. — Verdade seja dita, estou
aqui por ordem do meu diretor. Parece que ele está com um sério ataque de
nervosismo. Ele sente que estamos juntos num ramo e vocês estão com a
motosserra nas mãos. Ele quer que a Agência seja posta na jogada.
— E isso significa o quê?
— Ele quer saber o plano de jogo.

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