Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

Circulavam agora em direção a norte pela E461. O tráfego de Viena
tinha ficado para trás, a chuva caía continuamente e gelava nos cantos do
para-brisas. Uma tabuleta passou de repente: REPÚBLICA CHECA 42 KM.
Navot olhou prolongadamente sobre o ombro, então, em hebraico, instruiu
Oded para desligar a sirene.
— Para onde vamos? — perguntou Radek respirando com
dificuldade. — Para onde me estão a levar? Onde?
Navot não disse nada, como Gabriel tinha ordenado.
— Deixem-no fazer perguntas até ficar com a cara azul — Gabriel
tinha dito.
— Simplesmente não lhe deem a satisfação de uma resposta.
Deixem a incerteza afligir-lhe a mente. Era isso que ele faria se os papéis
estivessem invertidos. Então Navot observou as povoações que passavam
pela janela Mistelbach, Wilfersdorf, Erdberg — e pensou apenas numa
coisa, o guarda-costas que ele tinha deixado inconsciente no corredor da
entrada da casa de Radek em Stöbbergasse.
Poysdorf apareceu perante eles. Oded acelerou pela vila, em
seguida virou para uma estrada de duas faixas e seguiu-a em direção a leste
por entre pinheiros cobertos de neve.
— Para onde vamos? Para onde me estão a levar?
Navot já não conseguia suportar mais as suas perguntas em
silêncio.
— Vamos para casa — disse de repente. — E tu vens connosco.
Radek traçou um sorriso gelado.
— Cometeste apenas um erro esta noite, Herr Lange. Devias ter
morto o meu guarda-costas quando tiveste oportunidade.


KLAUS HALDER ABRIU um olho, em seguida o outro. A escuridão
era absoluta. Deixou-se estar deitado imóvel por um momento tentando
determinar a posição do seu corpo. Tinha caído para a frente, com os
braços para os lados, e a sua face direita estava pressionada contra o
mármore frio. Tentou levantar a cabeça, um relâmpago de dor lancinante
abateu-se-lhe sobre o pescoço. Lembrou-se então do instante em que tinha
acontecido. Estava a tentar alcançar a arma quando levou duas pancadas
por trás. Fora o advogado de Zurique, Oskar Lange. Obviamente que Lange
não era um simples advogado. Ele estava a tramar alguma, como Halder
temia desde o início.
Colocou-se de joelhos e sentou-se encostado à parede. Fechou os
olhos e esperou que a sala parasse de girar, então esfregou a parte de trás

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