Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

assim demonstrava o seu ponto de vista de que o Estado tinha mais com
que se preocupar do que perseguir velhos nazistas. Começou a referir-se ao
caso como "a asneira de Shamron", apesar de ele ter recuperado o seu
devido nível hierárquico no serviço. Dentro do King Saul Boulevard, a
captura de Radek pareceu reacender velhas fogueiras. Lev ajustou a sua
postura de acordo com o estado de espirito geral mas era demasiado tarde.
Todos sabiam que a prisão de Radek havia sido orquestrada pelo Memuneh
e Gabriel e que Lev tinha tentado bloqueada a cada passo. O carisma de Lev
junto dos soldados rasos caiu para níveis perigosamente baixos.
A pouco crível tentativa de manter secreta a identidade austríaca
de Radek foi desfeita pelo vídeo da sua chegada a Abu Kabir. A imprensa de
Vienna identificou rápida e corretamente o prisioneiro como sendo Ludwig
Vogel, um empresário austríaco de renome. Teria ele de fato concordado
deixar Viena voluntariamente? Ou teria sido, na verdade, raptado da sua
residência fortificada no Primeiro Bairro? Nos dias que se seguiram, os
jornais faziam alusões especulativas à sua misteriosa carreira e às suas
ligações politicas. As investigações da imprensa aproximaram-se
perigosamente de Peter Metzler. Renate Hoffman da Coligação para uma
Áustria Melhor solicitou um inquérito oficial ao caso e sugeriu que Radek
poderia ter ligações ao atentado a bomba ao Escritório de Investigação e
Reclamações do Tempo da Guerra e à misteriosa morte de um judeu idoso
chamado Max Klein. As suas exigências foram categoricamente ignoradas.
O governo disse que o atentado fora obra de terroristas islâmicos. E quanto
à infeliz morte de Max Klein, fora suicídio. Segundo o ministro da Justiça
qualquer investigação complementar seria um desperdício de tempo.
O capítulo seguinte do caso Radek teria lugar, não em Viena, mas
em Paris, onde um ex-agente do KGB com aspecto duvidoso surgiu na
televisão francesa dizendo que Radek era o homem de Moscovo em Viena.
Um antigo chefe de espionagem da Stasi, que se havia tornado um êxito
literário na nova Alemanha, veio também reconhecer Radek.
De início, Shamron suspeitou que estas reivindicações faziam parte
de uma campanha conjunta de desinformação com o fim de ilibar a CIA do
vírus Radek: que era exatamente o que ele teria feito se os papéis
estivessem invertidos. Depois, descobriu que, no interior da Agência, as
sugestões de que Radek podia ter jogado para ambos os lados criaram
algum pânico. Estavam a ser retirados arquivos dos arquivos mortos e a ser
reunida à pressa uma equipe soviética de ajuda com elementos veteranos.
Shamron divertia-se secretamente com a ansiedade dos seus colegas de
Langley. Segundo Shamron, se se viesse a descobrir que Radek era um

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