— Quando foi isso?
— No mesmo dia do atentado.
— Contou alguma coisa à policia?
Klein disse que não, abanando a cabeça.
— Como deve calcular, Sr. Argov, não sou grande fã de austríacos
fardados. Também tenho a noção do registro esfarrapado que o meu pais
tem quando se trata de perseguir criminosos de guerra. Fiquei em silêncio.
Fui ao Hospital Geral de Viena e observei os oficiais israelenses a entrar e a
sair. Quando chegou o embaixador, tentei aproximar-me dele, mas fui
afastado pelos seguranças. Então esperei até que surgisse a pessoa certa.
Você parecia ser. É você a pessoa certa, Sr. Argov?
O APARTAMENTO do outro lado da rua era idêntico ao de Max
Klein. No segundo andar estava um homem, na janela escura, com uma
câmara encostada ao olho. Focou a lente
na figura que caminhava a passos largos pela entrada do prédio de
Klein até a rua. Tirou uma série de fotografias, em seguida baixou a câmara
e sentou-se em frente a um gravador. No escuro, levou algum tempo até
encontrar o botão de PLAY.
— Então esperei até que surgisse a pessoa certa. Você parecia sê-lo.
É você a pessoa certa, Sr. Argov?
— Sim, Herr Klein. Sou a pessoa certa. Não se preocupe, eu vou
ajudá-lo.
— Na da disto teria acontecido se não tivesse sido eu. Aquelas
moças estão mortas por minha causa. Eli Lavon está naquele hospital por
minha causa.
— Isso não é verdade. Não fez nada de errado. Mas pelos
acontecimentos recentes, estou preocupado com a sua segurança.
— Também eu.
— Tem andado alguém a segui-lo?
— Não que eu tenha reparado, mas não tenho certeza se saberia
caso andassem.
— Recebeu algum telefonema ameaçador?
— Não.
— Alguém, seja quem for, tentou contatá-lo desde o atentado?
— Só uma pessoa, uma mulher chamada Renate Hoffmann.
STOP. REWIND. PLAY.
— Só uma pessoa, uma mulher chamada Renate Hoffmann.
— Conhece-a?