Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

prostituta russa. A moça foi assassinada, também. Uma cena terrível.
Vogel abanou a cabeça tristemente.
— O sírio deveria ter sido aconselhado a evitar locais como esse.
— Claro que como portador do número de conta e senha, irá
manter o controle de todos os fundos que não possam ser dispersos. Isso é
o que as instruções estipulam.
— Que sorte a minha.
— Vamos esperar que o Santo Padre não sofra um acidente
semelhante.
O banqueiro removeu os óculos e inspecionou as lentes à procura
de impurezas.
— Sinto-me obrigado a lembrá-lo, Herr Vogel, que eu sou a única
pessoa com autoridade para dispersar fundos. Na eventualidade da minha
morte, a autoridade passará para o meu sócio, Herr Puhl. Se eu morrer em
circunstâncias violentas ou misteriosas, a conta será congelada até as
circunstâncias da minha morte serem determinadas. Se as circunstâncias
não puderem ser determinadas, a conta será considerada inativa. E sabe o
que acontece às contas inativas na Suíça?
— Eventualmente tornam-se propriedade do próprio banco.
— Está correto. Ah, eu suponho que pode levar o caso a tribunal,
mas isso iria levantar um número de questões embaraçosas sobre a
proveniência do dinheiro. Questões que a instituição bancária suíça e o
governo preferiam que não viessem a público. Como pode imaginar, tal
inquérito seria desconfortável para todos os envolvidos.
— Então por atenção a mim, por favor cuide-se, Herr Becker. A sua
continuação em boa saúde e segurança são de extrema importância para
mim.
— Aprecio muito as suas palavras. Aguardarei a recepção da carta
do chanceler. O banqueiro devolveu o livro de registro à sua pasta e fechou-
a.
— Peço desculpa, mas há mais uma formalidade que me escapou.
Quando discutimos a conta, é necessário que me diga o número da mesma.
Para que conste, Herr Vogel, é capaz de o recitar para mim agora?
— Sim, claro.
Então, com a precisão germânica:
— Seis, dois, nove, sete, quatro, três, cinco.
— E a senha?
— Um, zero, zero, cinco.
— Obrigado, Herr Vogel.

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