Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

DEZ MINUTOS MAIS TARDE, o carro de Becker parou à porta do
Hotel Ambassador.
— Espere aqui — disse o banqueiro ao condutor. — Não levo mais
do que alguns minutos.
Atravessou a entrada e subiu no elevador até o quarto andar. Um
americano alto de blazer amarrotado e gravata apertada admitiu-o no
quarto 417. Ofereceu uma bebida a Becker, a qual o banqueiro recusou, em
seguida um cigarro, que ele também declinou. Becker nunca tocara em
tabaco. Talvez começasse.
O americano estendeu a mão em direção à pasta. Becker entregou-
lha. O americano levantou a tampa e forçou o falso forro de couro, expondo
um pequeno gravador de fitas. Retirou a fita e colocou-a num pequeno
aparelho de reprodução. Carregou no REWIND e depois no PLAY. A
qualidade de som era notável.
— Para que conste, Herr Vogel, é capaz de o recitar para mim
agora?
— Sim, claro. Seis, dois, nove, sete, quatro, três, cinco.
— E a senha?
— Um, zero, zero, cinco.
— Obrigado, Herr Vogel. STOP.
O americano levantou o olhar e sorriu. O banqueiro parecia que
tinha acabado de ser apanhado a trair a esposa com a sua melhor amiga.
— Fez um bom trabalho, Herr Becker. Estamos gratos.
— Acabei de cometer mais violações das leis de segredo bancário
suíço do que consigo contar.
— É verdade, mas são leis execráveis. E aliás, vai receber cem
milhões de dólares. Juntamente com o seu banco.
— Mas já não é o meu banco, é? É o seu banco agora.
O americano sentou-se recostado e cruzou os braços. Não insultou
Becker negando-o.


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