Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

Gabriel acenou que sim com a cabeça.
— Em janeiro de 1945, o trabalho de Aktion 1005 estava em grande
parte completo, uma vez que todo o território conquistado a leste tinha
sido recuperado pelos soviéticos. É possível que ele tenha ido a Auschwitz
para demolir as câmaras de gás e o crematório e preparar os restantes
prisioneiros para evacuação. Eles eram, afinal de contas, testemunhas do
crime.
— Sabemos como este pedaço de imundície conseguiu sair da
Europa depois da guerra?
Gabriel contou-lhe a teoria de Rivlin, que Radek, por ser austríaco
católico, tinha se beneficiado dos serviços do bispo Alois Hudal em Roma.
— Então por que não seguimos o rastro — disse Shamron — e
vemos se leva de volta à Áustria?
— Exatamente o que eu acho. Pensei em começar por Roma. Quero
dar uma olhada nos documentos de Hudal.
— como muitos outros também.
— Mas esses não têm o número particular do homem que mora no
andar de cima do Palácio Apostólico.
Shamron encolheu os ombros.
— Lá isso é verdade.
— Preciso de um passaporte limpo.
— Não é problema. Tenho um passaporte canadense bem bom que
pode usar. Como está o teu francês ultimamente?
— Pas mal, mais je dois pratiquer l'accent d'un Quebecois.
— Às vezes você me assusta.
— Isso já é alguma coisa.
— Passe a noite aqui e voe para Roma amanhã. Eu o levo a Lod.
Pelo caminho paramos na embaixada americana e temos uma conversa
com o diretor.
— Sobre o quê?
— De acordo com o arquivo da Staatsarchiv, Vogel trabalhou para
os americanos na Áustria na ocupação. Pedi aos nossos amigos em Langley
que dessem uma olhada nos registros para ver se o nome de Vogel aparece.
É um tiro no escuro, mas talvez tenhamos sorte.
Gabriel olhou para o testemunho da sua mãe: Não vou dizer todas
as coisas que vi. Não posso. Devo pelo menos isso aos mortos...
— Sua mãe foi uma mulher de coragem, Gabriel. Por isso escolhi
você. Sabia que vinha de uma excelente estirpe.
— Ela era muito mais corajosa do que eu.

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