— Para onde ia?
Crawford, depois de ouvir a resposta, cortou a ligação. Um
momento depois estava sentado em frente ao seu computador, enviando
uma mensagem por um cabo seguro para a sede. O texto era direto e
conciso, como o receptor gostava. Elijah está a viajar para Roma. Chega esta
noite num voo da El Al de Tel Aviv,
18
ROMA
GABRIEL QUERIA encontrar-se com o homem do Vaticano em
qualquer lugar menos no seu escritório no andar de topo do Palácio
Apostólico. Combinaram em Piperno, um velho restaurante numa praça
calma perto do Tibre, a algumas ruas de distância do antigo gueto judeu.
Era o tipo de tarde de Dezembro que apenas Roma conseguia ter, e
Gabriel, chegando primeiro, providenciou uma mesa numa parte
aquecida e iluminada pela luz solar da esplanada.
Alguns minutos mais tarde, um padre de passo firme entrou na
praça e dirigiu-se ao restaurante. Era alto e magro e tão atraente como uma
vedeta do cinema italiano. O corte do fato clérigo negro e colar romano
sugeriam que, embora casto, ele não era desprovido de vaidade pessoal ou
profissional. E com razões para isso. Monsenhor Luigi Donati, o secretário
particular de Sua Santidade o Papa Paulo VII, era possivelmente o segundo
homem mais poderoso na Igreja Católica Romana.
Havia uma obstinação fria em Luigi Donati que tornava difícil para
Gabriel imaginá-lo batizando bebês ou sagrando doentes em alguma
cidadezinha poeirenta. Seus olhos escuros irradiavam uma feroz e firme
inteligência, enquanto o teimoso perfil do queixo revelava que era um
homem perigoso para ter como inimigo. Gabriel sabia que isto era verdade
por experiência própria. Um ano antes, um caso levara-o ao Vaticano, às
mãos competentes de Donati, e juntos tinham destruído uma grave ameaça
que pendia sobre o Papa Paulo VII. Luigi Donati estava em dívida para com
Gabriel. Gabriel tinha esperança que Donato fosse um homem para pagar as
suas dívidas.