Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

— PRECISO QUE PEGUE um relógio em Roma.
— Quando?
— Imediatamente.
— Onde está?
— Há um homem hospedado no Hotel Cardinal na Via Giulia. Está
registrado como René Duran, mas às vezes usa o nome Rubinstein.
— Quanto tempo vai estar em Roma?
— Incerto, e é por isso que tens de partir agora. Há um voo da
Alitalia que parte para Roma daqui a duas horas. Um lugar em classe
executiva está reservado em teu nome.
— Se viajo de avião não poderei levar as ferramentas necessárias à
reparação. Preciso de alguém que as forneça em Roma.
— Tenho o homem certo. — Recitou um número de telefone, que o
Relojoeiro guardou na memória. — Ele é muito profissional e, acima de
tudo, extremamente discreto. Não te pediria para ir ter com ele se não
fosse.
— Tens uma fotografia deste cavalheiro Duran?
— Vai chegar ao teu fax dentro de instantes.
O Relojoeiro desligou o telefone e apagou as luzes da frente da loja.
Em seguida entrou na oficina e abriu um armário. Dentro estava um
pequeno saco de viagem, contendo uma muda de roupa e um estojo de
barbear. O fax tocou. O Relojoeiro vestiu um sobretudo e um chapéu
enquanto o rosto de um homem morto se ia revelando lentamente.


21


ROMA


GABRIEL SENTOU-SE NUMA MESA do Doney na manhã seguinte
para tomar café. Trinta minutos depois um homem entrou e dirigiu-se ao
bar. O cabelo parecia palha de aço e tinha cicatrizes de acne nas largas
bochechas. A roupa era cara, mas de mau gosto. Bebeu dois expressos de
uma golada e manteve um cigarro a arder durante o tempo todo. Gabriel
olhou para o seu La Repubblica e sorriu. Shimon Pazner era o homem do
Escritório em Roma há cinco anos, no entanto ainda não tinha perdido o

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