Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

de pulso? Para Erich, em adoração, Mônica... Teria outro homem vindo para
Roma em 1948 fazendo-se passar por Erich Radek? E se sim, porquê!
Muitas questões, pensou Gabriel, e apenas um rasto para seguir:
Fischer disse que isso não o surpreendia uma vez que Krebs se tinha
mudado recentemente para a Argentina. Pazner estava certo. Gabriel não
tinha escolha senão continuar a busca na Argentina.
O pesado silêncio foi quebrado pelo zunido de inseto de uma
scooter. Gabriel olhou por sobre o ombro enquanto a moto fazia uma curva
e entrava na Via Giulia. Então, acelerou subitamente na direção dele.
Gabriel parou de andar e retirou as mãos dos bolsos do casaco. Tinha uma
decisão para tomar. Ficar quieto como um romano normal ou virar-se e
correr? A decisão foi tomada por ele, alguns segundos depois, quando o
motoqueiro de capacete alcançou a frente do casaco e sacou uma pistola
com silenciador.


GABRIEL JOGOU-SE numa rua estreita enquanto a pistola cuspia
três projeteis de fogo. Três balas atingiram a esquina de pedra de um
prédio. Gabriel baixou a cabeça e começou a correr.
a moto ia demasiado rápido para conseguir fazer a curva. Derrapou
em frente à entrada da rua, e resvalou ao dar a volta, concedendo a Gabriel
alguns segundos importantes para ganhar distância entre ele e o seu
atacante. Virou à direita, para uma rua paralela à Via Giulia, e fez uma
súbita viragem à esquerda. O seu objetivo era seguir para o Corso Vittorio
Emanuele II, uma das maiores vias públicas de Roma. Haveria trânsito na
estrada e peões nos passeios. No Corso conseguiria encontrar um local para
se esconder.
O gemido da moto aproximava-se. Gabriel olhou sobre o ombro. A
moto ainda estava a segui-lo e a ganhar distância a um ritmo alarmante.
Lançou-se num impetuoso sprint, esbracejando, com a respiração ofegante
e rouca. A luz do farol dianteiro alcançou-o. Viu a própria sombra nas
pedras da calçada à sua frente como um louco a debater-se.
Uma segunda moto entrou na rua diretamente em frente a ele e
travou numa derrapagem. O motoqueiro de capacete sacou de uma arma.
Então é assim que vai ser — uma armadilha, dois assassinos, sem
esperança de escapar. Sentiu-se como um alvo num clube de tiro, à espera
de ser derrubado.
Continuou a correr, em direção à luz. Os seus braços levantaram, e
ele olhou para as próprias mãos, contorcidas e tensas, as mãos de uma

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