Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

que sem quebrar o passo o evitou com destreza. O trapo acertou num
agente da Staatspolizei, para deleite dos manifestantes. A jovem que o tinha
atirado foi agarrada por um par de agentes e levada à força.
Metzler, imperturbável, entrou para a recepção do hotel e seguiu
em direção ao salão de baile, onde um milhar de apoiantes esperava há três
horas pela sua chegada. Antes de entrar, fez uma pequena pausa para se
recompor, e entrou na sala para aclamações tumultuosas. Graff separou-se
e observou o seu candidato penetrar da multidão que o adorava. Os
homens empurravam para a frente para lhe agarrar a mão ou bater-lhe nas
costas. As mulheres beijavam-no no rosto. Metzler tornara novamente sexy
ser conservador.
A jornada até a parte superior da sala levou cinco minutos.
Enquanto Metzler subia ao pódio, uma bela jovem vestida à camponesa
entregou-lhe um enorme caneca de cerveja. Ergueu-a sobre a cabeça e foi
saudado por um delirante bramido de aprovação. Engoliu parte da cerveja
— não um golinho para a fotografia, mas um longo gole à austríaca — e
chegou-se ao microfone.
— Quero agradecer a todos por terem vindo aqui esta noite. E
quero também agradecer aos nossos queridos amigos e apoiantes por
organizarem tão calorosa recepção à entrada do hotel — uma onda de riso
varreu a sala. — O que essa gente parece não compreender é que a Áustria
é para os austríacos e que escolheremos o nosso próprio futuro baseado na
moral austríaca e nos padrões de decência austríacos. Estrangeiros e
críticos de fora não têm de se intrometer nos assuntos internos desta
abençoada terra que é a nossa. Forjaremos o nosso próprio futuro, um
futuro austríaco, e o futuro começa daqui a três semanas!
Pandemônio.


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BARILOCHE, ARGENTINA


A RECEPCIONISTA DO Bartlocher Tageblatt olhou Gabriel com mais
do que um interesse passageiro enquanto passava pela porta e se dirigia ao
balcão. Tinha o cabelo curto e escuro e olhos azul-claro enquadrados por

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