Morte em Viena

(Carla ScalaEjcveS) #1

Gabriel o que sabia dos acontecimentos em Viena. Uma bomba explodira no
dia anterior, à tardinha, dentro do Escritório de Investigação e Reclamações
do Tempo da Guerra. Eli Lavon estava em coma profundo nos cuidados
intensivos do Hospital Geral de Viena, as probabilidades de sobrevivência
eram de um para dois na melhor das hipóteses. As suas duas assistentes,
Reveka Gazit e Sarah Greenberg, tinham morrido na explosão. Uma
ramificação da al-Qaeda de Bin Laden, um grupo sombrio chamado Células
de Combate Islâmicas, tinha reivindicado a responsabilidade.
Shamron falou com Gabriel no seu sotaque assassino da língua
inglesa. Hebraico não era permitido na casa do canal de Veneza.
Chiara trouxe café e bolinhos para a sala de estar e sentou-se entre
Gabriel e Shamron. Dos três, só Chiara estava sujeita às regras do
Departamento. Conhecida como bat leveyha, o seu trabalho envolvia fazer-
se passar por amante ou esposa de um oficial de campo. como todo o
pessoal do Departamento, também ela fora treinada na arte de combate
físico e no uso de armamento. O fato de ter tido melhor resultado que o
grande Gabriel Allon no seu teste final de tiro era causa de alguma tensão
entre os dois. As suas missões secretas exigiam muitas vezes alguma
intimidade com o parceiro, como mostrar afecto em restaurantes e clubes
noturnos e partilhar a mesma cama em quartos de hotel ou apartamentos.
Relações românticas entre oficiais de campo e agentes acompanhantes
eram oficialmente proibidas, mas Gabriel sabia que uma vivência próxima e
o stress natural das missões muitas vezes os aproximavam. De fato, ele
chegou a ter uma relação passageira com uma bat leveyha em Túnis. Uma
belíssima judaica de Marselha chamada Jacqueline Delacroix, e o caso
quase lhe destruíra o casamento. Gabriel, quando Chiara estava fora,
muitas vezes imaginava-a na cama de outro homem. Apesar de não ser
muito dado a ciúmes, secretamente ansiava pelo dia em que King Saul
Boulevard decidisse que ela estava já muito exposta para missões de
campo.
— Quem são as Células de Combate Islâmicas concretamente? —
perguntou. Shamron fez uma careta.
— São um pequeno grupo de operações que atua principalmente
em França e num ou noutro pais da Europa. Gostam de incendiar sinagogas,
de profanar cemitérios judeus e de espancar crianças judias nas ruas de
Paris.
— Houve alguma coisa útil na reivindicação? Shamron acenou com
a cabeça.
— Apenas a baboseira habitual sobre a condição miserável dos

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